Dose Diária de Spurgeon – 4 DE JANEIRO – “Encontrar um irmão é ganhar uma pérola de grande valor”

Comunhão é força, isolamento é fraqueza. Sozinha, a velha e bela árvore cede ao golpe e fica prostrada sobre o gramado: na floresta, apoiando-se umas às outras, as árvores riem do furacão. As ovelhas de Jesus se reúnem; o elemento social é o gênio do cristianismo. Encontrar um irmão é ganhar uma pérola de grande valor; manter um amigo é entesourar o ouro de Ofir.


FONTE: Spurgeon Birthday Book and Autographic Register, Containning a Metaphor, Simile, Allegory, or Illustration for Every Day in the Year. Compilled from the works of C.H,Spurgeon. By Passmore and Alabaster, 1879.

Dose Diária de Spurgeon – 3 DE JANEIRO – “Cuidado com a crescente ganância, pois a cobiça é um dos pecados mais insidiosos”

Cuidado com a crescente ganância, pois a cobiça é um dos pecados mais insidiosos. É como o assoreamento de um rio. Conforme o riacho desce das terras altas, ele traz consigo areia, terra e pedras, e os deposita em sua foz, até que, aos poucos, a menos que os cuidadores vigiem cuidadosamente, ele ficará bloqueado, e será difícil encontrar um canal para navios de grande carga. Assim também as almas são obstruídas por aquilo que elas próprias acumulam.


FONTE: Spurgeon Birthday Book and Autographic Register, Containning a Metaphor, Simile, Allegory, or Illustration for Every Day in the Year. Compilled from the works of C.H,Spurgeon. By Passmore and Alabaster, 1879.

Dose Diária de Spurgeon – 2 DE JANEIRO – “A primeira camada de gelo que se forma sobre as águas é quase sempre imperceptível , mesmo acontece com a consciência”

A primeira camada de gelo que se forma sobre as águas é quase sempre imperceptível. Mantenha elas agitadas, e você evitará que a geada as congele; mas uma vez que o gelo se forma e o lago permaneça quieto, o esmalte gélido engrossa na superfície a tal ponto que ele finalmente fica tão firme que uma carroça pode ser puxada através do gelo sólido. O mesmo acontece com a consciência; ela se endurece gradualmente, até que finalmente se torna dura e insensível, e não será dissolvida nem mesmo com as pesadas cargas da iniquidade.


FONTE: Spurgeon Birthday Book and Autographic Register, Containning a Metaphor, Simile, Allegory, or Illustration for Every Day in the Year. Compilled from the works of C.H,Spurgeon. By Passmore and Alabaster, 1879.

Dose Diária de Spurgeon – 1° DE JANEIRO “Outro capítulo no livro do amor está prestes a se abrir diante de nós, e sua letra inicial é iluminada com esperança.”

Outro capítulo no livro do amor está prestes a se abrir diante de nós, e sua letra inicial é iluminada com esperança. Hostes de anjos estão vindo ao nosso encontro, e cada um traz uma bênção. Precisaremos de novos louvores à medida que avançamos para a terra das maravilhas da futura misericórdia, pois cada dia revelará “novas maravilhas de fidelidade e graça. Venham então, irmãos, cantemos ao Senhor uma nova canção. Enfeitemos a fronte do ano novo com uma coroa de grata esperança. Enquanto os sinos tocam nas torres da igreja, deixe-os tocar em nossos corações também.


FONTE: Spurgeon Birthday Book and Autographic Register, Containning a Metaphor, Simile, Allegory, or Illustration for Every Day in the Year. Compilled from the works of C.H,Spurgeon. By Passmore and Alabaster, 1879.

 

Retrospectivas e Perspectivas Divinas de Ano Novo : Os últimos dois sermões pregados pelo Príncipe dos Pregadores em vida [Publicados na revista “The Sword of the Trowel” de fevereiro de 1892]

Título original:  BREAKING THE LONG SILENCE –  Mr. Spurgeon’s last two Addresses, delivered at Menton, on New Year’s Eve, and New Year’s Morning, 1892

 

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APRESENTAÇAO E CONTEXTO

Por Armando Marcos, editor de Projeto Spurgeon

Charles Haddon Spurgeon já enfrentava durante anos, desde aproximadamente o meio da década de 1860, mas de forma mais intensa no fim dos anos 1870, constantes ataques de gota e reumatismo que o deixava longos períodos impossibilitado fisicamente de exercer suas atividades pastorais e filantrópicas. A cada fim de ano a partir do fim dos anos 70, Spurgeon passava os meses de inverno na Riviera Francesa, especificamente na cidade de Mentone, no sul da França, próximo à fronteira Italiana. Essa cidade era muito procurada por pessoas procurando reestabelecer sua saúde, e o clima ameno favorecia muito a saúde de Spurgeon.

Porém, principalmente depois da controvérsia do declínio teológico entre 1887-1888, a saúde de Spurgeon piorava cada vez mais, apresentando um agravamento de seu estado, com crises de gota e reumatismo cada vez piores, e nos últimos tempos apresentado sintomas de inflamação renal, conhecida na época como “Doença de Bright”.  Em 1890 a situação começou ficar cada vez mais fora de controle, e em 26 de abril de 1891 pela primeira vez em quarenta anos, ele foi compelido por um ataque de nervosismo a deixar o púlpito depois de entrar nele. Spurgeon conseguiu ainda pregar até a manhã de 17 de maio, quando então a doença o dominou, e apenas mais uma vez na manhã de domingo, 7 de junho, ele ficou em seu púlpito. Seu estado era tão grave que se considerou instalar um elevador no Tabernáculo Metropolitano para facilitar a locomoção do amado pastor. Milhares de pessoas oravam por sua saúde e reabilitação em todo o mundo e em todas as seções da igreja.

Apesar de sua fraqueza, ele insistiu em ir naquela semana para revisitar Stambourne em preparação para o livro de memórias da infância que estava escrevendo. Lá, sua doença reapareceu, e ele retornou a Londres. Por mais de um mês ele ficou deitado, a maior parte do tempo inconsciente, só de vez em quando livre do delírio que era uma tristeza que o acompanhavam.

Após uma breve melhora, ficou evidente que Spurgeon precisava se afastar mais ainda de seus trabalhos pastorais, e prevendo uma falta prolongada se seu púlpito, aceitou um convite do pastor presbiteriano americano A.T. Pierson para o substituir por alguns meses no Tabernáculo. Em outubro Pierson chegou em Londres, e ele partiu para o sul da França na segunda-feira, 26 de outubro, acompanhado pela Sra. Spurgeon, pela primeira vez depois de anos de doença, pelo seu irmão James Archer Spurgeon e sua esposa, seu amigo o editor Joshep Passmore, seu devotado secretário Joseph W. Harrald e mais alguns amigos. Eles chegaram ao Hotel Beau-Rivage, Mentone, sem incidentes, e lá Charles e Susannah tiveram, apesar da fragilidade de ambos, três meses de uma última lua de mel.

Na última noite do ano 1891 e no dia primeiro de janeiro de 1892, Spurgeon fez os dois discursos que você lerá, que foram posteriormente publicados sob o título “Quebrando o Longo Silêncio” no mês de fevereiro da “The Sword of the Trowel”, a revista do ministério de Spurgeon. A melhora de Spurgeon por alguns dias foi tanta que ele teve tempo de continuar a escrita de seu comentário ao evangelho de Mateus até as partes finais e selecionar sermões para um livro especial que ia ser impresso como um resumo de seu ministério, e escrever cartas para seu povo no Tabernáculo e as crianças do seu orfanato, e até mesmo mandar um telegrama para dar as condolências pela morte repentina do filho do príncipe de Gales, ocorrida dia 14 de janeiro. Nas noites de domingo, 10 e 17 de janeiro, Spurgeon queria pregar, mas por recomendação dos amigos que sentiram que Spurgeon não teria forças para pregar, ele apenas leu alguns de seus próprios escritos nos cultos organizados no hotel, e no final do segundo culto, ele anunciou o hino “As Areias do Tempo Estão Afundando” do puritano Samuel Rutherford.

Em 15 de janeiro, foi comemorado o aniversário de Susannah, e no dia 20, foi a piora final de Charles Haddon Spurgeon. Nas palavras de seu secretário Harrald: “À noite, sua mão doía tanto por causa da gota que ele foi dormir cedo; e daquela cama ele nunca se levantou. No dia seguinte, uma gota na cabeça aumentou nossa ansiedade em relação ao nosso querido paciente e, desde então até o fim, foi necessário que ele fosse atendido com amor e cuidado, dia e noite; e esse serviço foi prestado com muita alegria e boa vontade. Ninguém previu que a doença assumiria uma forma tão terrível, embora o querido doente nos assegurasse que sua cabeça doía exatamente como quando voltou de Essex no verão, e ele temia ficar tão doente quanto antes. estive em “Westwood” durante aqueles meses de ansiedade do ano passado. Foi nessa época que o Sr. Spurgeon me disse: “Meu trabalho está concluído”, e falou de vários assuntos que mostravam que ele sentia que seu fim estava se aproximando. Mesmo assim, todos nós nos apegamos à esperança de que ele seria poupado para nós e até mesmo autorizado a pregar novamente; mas na manhã de terça-feira, 26 de janeiro, o Dr. FitzHenry foi obrigado a relatar a condição de seu paciente como “grave”.

Quando tudo terminou, cerca de uma hora antes da meia-noite do dia do Senhor, 31 de janeiro de 1892, o pequeno grupo de cinco pessoas, antes mencionado, ajoelhou-se ao lado da cama, e o “portador de armadura” primeiro agradeceu pelo fato de o querido sofredor estar em paz. descanse, e então elogiou todos os que haviam sido tão dolorosamente desamparados à graça sustentadora do Divino Consolador. Antes que alguém se mexesse, outra voz foi ouvida: a da amada viúva, que, naquela hora difícil, agradeceu ao Senhor pelo precioso tesouro que por tanto tempo lhe foi emprestado, e buscou no trono da graça a força e a ajuda tão dolorosamente.”

A notícia da morte de Spurgeon chegou no mundo todo como uma bomba. Muitos esperavam mais uma vez sua recuperação. O corpo de Spurgeon foi enviado para Londres e depois de vários serviços memorais fúnebres, foi enterrado no cemitério Norwood em 14 de fevereiro, de onde seu corpo espera até hoje a volta de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Esses dois breves sermões são as últimas pregações daquele que foi conhecido como o príncipe dos pregadores, mas que na verdade estava apenas fazendo o seu trabalho para o Rei Jesus, o verdadeiro príncipe dos príncipes. Ore para que esses textos o ajudem a refletir nos caminhos do ano passado e que possam servir de alento para o ano seguinte.[1]

 


Sermão 1 

Retrospectivas Divinas de Fim de Ano

Uma Breve mensagem pregada na noite de quinta-feira,

31 de dezembro de 1891

Por Charles Haddon Spurgeon

Para um pequeno grupo de amigos e sua esposa Susannah

Que foi sua penúltima pregação em vida, antes de seu falecimento

Em 31 de Janeiro de 1892

No Hôtel Beau Rivage, em Menton, Sul da França

(e publicada e editada na revista “The Sword of the Trowel” de Fevereiro de 1892, com o título de “Rompendo o longo silêncio”)

 

Queridos amigos, não posso dizer muito a vocês. Eu gostaria de tê-los convidado alegremente para a oração todas as manhãs se pudesse ter encontrado vocês. Mas eu não estava suficiente forte para fazê-lo. Todavia, não posso deixar de falar com vocês, nesta última noite do ano, como uma Retrospectiva, e talvez na manhã de Ano Novo, eu possa acrescentar uma palavra ao título de uma Perspectiva. Chegamos tão longe na jornada da vida, e estando no limite de outro ano, olhamos para trás. Você não precisará de mim para tentar elaborar palavras e frases bonitas: cada um, com seus próprios olhos, agora examinará o seu próprio caminho. Continue lendo

Deus Encarnado, o Fim do Medo – Sermão N° 727

Pregado na manhã de Domingo,

23 de Dezembro de 1866, por

C.H.SPURGEON

no Tabernáculo Metropolitano, Newington, Londres

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“E o anjo lhes disse: Não temais” Lucas 2:10 (ACF)

Quando o anjo do Senhor apareceu aos pastores, e a glória do Senhor brilhou ao redor deles, eles ficaram aterrorizados. Chegou ao ponto em que os homens tiveram tanto medo de seu Deus, que quando o SENHOR enviou Seus pacíficos mensageiros com boas novas de grande alegria, os homens ficaram cheios de pavor como se fosse o anjo da morte que tivesse aparecido com a espada erguida diante deles. O silêncio da noite e a sua sombria escuridão não causaram temor no coração dos pastores, mas o alegre arauto dos céus, revestido das delicadas vestes das glórias da graça, fizeram eles temerem. De modo algum podemos condenar os pastores por esse motivo, embora eles fossem particularmente tímidos ou ignorantes, eles estavam apenas agindo como qualquer outra pessoa daquela época teria feito nas mesmas circunstâncias.

Não foi porque eram pastores simples que ficaram atemorizados de tão maravilhados, pois é provável que até os profetas bem instruídos teriam demonstrado o mesmo sentimento. Porque há muitos casos registrados nas Escrituras em que as autoridades de seu tempo tremeram e sentiram pavor das noites longas quando as manifestações sobrenaturais de Deus lhes eram concedidas.

Na verdade, um temor servil a Deus era tão comum que surgiu uma tradição dele, que foi universalmente recebida como nada mais e nada menos que seguinte verdade: geralmente acreditava-se que toda manifestação sobrenatural deveria ser considerada um símbolo de morte rápida. “Certamente pereceremos porque vimos a Deus.”(Juízes 13:22) não foi apenas a conclusão de Manoá, mas sim, da maioria dos homens de sua época. Na verdade, poucas pessoas eram aquelas mentes bem-aventuradas que, como a esposa de Manoá, podiam pensar de um ponto de vista mais positivo: “Se o Senhor tivesse a intenção de nos destruir, Ele não nos teria mostrado coisas como essas.” (Juízes 13:23).

Tornou-se a firme convicção estabelecida de todos os homens, sejam letrados ou ignorantes, bons ou maus, que uma manifestação de Deus não era tanto para se celebrar, pelo contrário, era para ser temida. Da mesma forma que disse Jacó: “Quão terrível é este lugar! Não é outro senão a casa de Deus” (Gênesis 28:17). Sem dúvida o espírito que originou essa tradição foi incentivado pela dispensação legal, a qual é mais adequada para servos medrosos do que filhos amados. Era o espirito da escrava, que gerou em escravidão. Como na solene noite em que foi ordenada a prática da maior ordenança numa noite de tremor, a morte estava presente na morte do cordeiro. (conf. Êxodo 12).  O sangue estava espalhado pelos umbrais das casas, não havia fogo para assar o cordeiro, e todos os sinais do julgamento estavam lá para marcar a mente com temor. Foi na terrível meia-noite que solenemente se reuniram a família, com porta fechada, e os próprios convidados numa atitude ansiosa e aterrorizados, pois os seus corações podiam ouvir o som das asas do anjo da morte ao passar pela casa.

Mais adiante na história, quando Israel chegou no deserto, e a Lei foi proclamada, porventura não lemos que o povo ficou afastado? E que limites foram estabelecidos ao redor do monte? E se caso um animal tocasse o monte seria apedrejado ou abatido por um dardo? (conf. Êxodo 19:12-13).  Foi um dia de medo e tremor quando Deus falou com eles do meio do fogo. Não foi com os acordes suaves da harpa, do hinário ou do saltério que a lei do Senhor chegou aos ouvidos de Seu povo. Não foi pelo voo suave dos anjos que a mensagem veio, nem por algum dia ensolarado e calmo, dado por Deus, que a mente foi cativada. Pelo contrário, foi através de som de trombeta e trovões, no meio dos resplandecentes relâmpagos, e com Sinai totalmente fumegando que a lei foi dada. A declaração da lei era clara: “Não se aproximem daqui a noite!”. O espírito do Sinai é medo e tremor.

As cerimônias da lei eram mais para inspirar temor do que gerar confiança.  O levita no templo viu derramamento de sangue desde o primeiro dia do ano até o final do ano. A manhã nascia com o derramamento de sangue do cordeiro, e as sombras da tarde não poderiam se pôr sem que o sangue fosse novamente derramado sobre o altar. Deus estava no meio do arraial, todavia a coluna de nuvem e de fogo era Seu cômodo inacessível. O emblema de Sua glória estava oculto atrás da cortina de linho fino azul e escarlate torcido, atrás da qual apenas um pé poderia passar, e isso apenas uma vez por ano (conf. Levítico 16). Homens falavam do Deus de Israel com respiração pausada, em voz baixa e num tom solene. Eles não aprenderam a falar: “Pai Nosso que estás nos céus”.

Eles não receberam o Espírito de adoração e não estavam capacitados a dizer ‘Abba’, Pai. Eles sofriam sob o espírito da escravidão, o que os deixava com muito medo quando o Senhor manifestava Sua presença entre eles por meio de qualquer derramamento imprevisto de Sua glória. Por trás de todo esse temor servil estava o pecado.

Nunca encontramos Adão com medo de Deus, nem temendo qualquer manifestação da Dele enquanto ele estava no paraíso como uma criatura obediente, mas assim que ele tocou no fruto proibido, percebeu que estava nu e se escondeu (Genesis 3:7). Ao ouvir a voz do Senhor Deus caminhando no jardim no final do dia, Adão ficou apavorado e escondeu-se da presença do Senhor entre as árvores do jardim. O pecado torna todos nós miseráveis covardes. Veja, o homem que antes conseguia manter um diálogo agradável com seu Criador agora se esconde no jardim como um malfeitor consciente de sua culpa e que teme enfrentar os oficiais da justiça.

Amados, para remover este terrível pesadelo no medo servil do seio da humanidade, onde sua horrível influência reprime todas as aspirações mais nobres da alma, nosso Senhor Jesus Cristo veio em carne. Esta é uma das obras do diabo que Ele se manifestou para destruir. Os anjos vieram anunciar as boas novas do advento do Deus encarnado, e a primeira nota de sua canção foi uma antecipação da feliz consequência de Sua vinda a todos aqueles que O receberiam.  O anjo declarou: “Não temais”, como se os tempos de medo tivessem findados e os dias de esperança e jubilo tivessem chegado. “Não temais”. Essas palavras não foram dirigidas apenas àqueles pastores trêmulos, mas também foram dirigidas a você e a mim, sim, e a todas as nações as quais as boas novas chegariam. Deixe Deus não ser mais um objeto do seu temor servil! Não fiquem mais distante Dele. A Palavra se fez carne. Deus desceu seu tabernáculo entre os homens para que não haja barreira de fogo nem um abismo escancarado entre Deus e o homem.

Desejo abordar este assunto esta manhã, e que Deus me ajude. Tenho consciência da riqueza do assunto e estou muito ciente de que não posso fazer jus. Eu sinceramente pediria a Deus, o Espírito Santo, que fizesse você beber do cálice dourado da encarnação de Cristo os goles que eu tenho desfrutado em minhas meditações pessoais. Dificilmente posso desejar maior alegria para meus amigos mais queridos. Para o medo não há antídoto mais excelente do que o tema daquela canção da meia-noite, os primeiros e melhores corais natalinos, que desde a primeira estrofe até a última nota ressoa a doce mensagem, que começa com “não temais”:

 

“É o meu mais doce conforto, Senhor,

E sempre será,

Meditar sobre a graciosa verdade

Da Tua Humanidade.

 

Ah, alegria! Habitando em carne,

Sobre um trono resplandecente,

Nascido de uma mãe humana,

E em perfeita Divindade brilhante!

 

“Embora os fundamentos da terra sejam abalados,

Até suas profundezas;

Embora todo o universo, tremulo,

Seja varrido para a destruição;

 

Para sempre Deus, para sempre homem,

Meu Jesus permanecerá;

E fixada Nele está, minha esperança permanece

Eternamente segura.”[1]

Queridos amigos, primeiro chamarei a atenção de vocês com algumas observações sobre o temor de que já contei. Assim, em segundo lugar, despertarei sua sincera atenção para o remédio que os anjos vieram proclamar. E então, em terceiro lugar, conforme tivermos tempo, nos esforçaremos para fazer uma aplicação deste remédio sob várias circunstâncias. Continue lendo

Um Feliz Natal – Sermão N° 352

Pregado na manhã de Domingo,

23 de dezembro de 1860, pelo

REV. C.H.SPURGEON,

No Exeter Hall, Strand

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“E foram seus filhos e festejaram em suas casas, cada um no seu dia; e mandaram chamar suas três irmãs para comerem e beberem com eles. E sucedeu que, passados ​​os dias da sua festa, Jó os enviou e os santificou; e levantou-se de madrugada, e ofereceu holocaustos, segundo o número de todos eles; porque Jó disse: Pode ser que meus filhos pecaram e amaldiçoaram a Deus em seus corações. Assim fez Jó continuamente. Jó 1:4-5

 

Jó era um homem extremamente feliz antes de sua grande provação. Ele foi tão abençoado com o fruto de seu corpo como no seu cesto e na sua provisão. Nosso texto nos dá uma imagem muito agradável da família de Jó. Ele era um homem feliz por ter tido tantos filhos confortavelmente acomodados na vida; notem que todos eles tinham casas, e eles haviam deixado seu telhado; todos eles haviam se estabelecido e prosperado tanto no mundo que não havia nenhum deles que não tivesse bens suficientes para entreter todos os demais. De modo que parecia que a prosperidade de Jó em seus negócios havia acompanhado seus filhos nos diferentes lugares onde se estabeleceram. Para aumentar seu conforto, eles eram uma família indivisa: não como a casa de Abraão, onde havia um Esaú e um Jacó que procurava suplantá-lo; nem como a casa de Jacó, onde havia José, porém todos os demais irmãos tinham inveja e ciúme dele. Os descendentes de Jó eram uma grande tribo; mas eles estavam todos unidos e entrelaçados em laços de perfeita felicidade; além disso parecem ter tido um grande desejo de preservar a sua unidade como família. Talvez Jó e sua família fossem os únicos que temiam a Deus na vizinhança, e desejavam, portanto, manter-se unidos como um pequeno rebanho de ovelhas no meio de lobos, como um aglomerado de estrelas no meio da escuridão espessa; e que constelação brilhante eles eram, todos brilhando e proclamando a verdade de Deus!

Digo que era o desejo deles não apenas desfrutar do prazer e da paz, mas também mantê-los; pois penso que essas reuniões anuais em casas diferentes tinham a intenção de uni-los, de modo que, se surgisse alguma pequena discórdia, assim que se encontrassem na casa do próximo irmão, tudo poderia ser resolvido, e tudo poderia continuar novamente, ombro a ombro e pé a pé, como uma falange de soldados de Deus. Acho que Jó deve ter sido um homem muito feliz. Não sei se ele sempre ia às festas deles; talvez a sobriedade da idade o tenha desqualificado um pouco para participar de suas alegrias juvenis; mas tenho certeza de que ele elogiou o banquete deles. Tenho certeza de que ele não os condenou. Se ele o tivesse condenado, ele nunca teria oferecido sacrifício a Deus para que não pecassem, mas ele lhes teria dito imediatamente que era uma coisa pecaminosa e que ele não poderia tolerar isso. Acho que vejo o grupo feliz, tão feliz e santo que certamente se Davi estivesse lá, ele teria dito: “Eis, quão bom e quão agradável é para os irmãos habitarem juntos em união!” [Salmo 133:1 KJV1611]. Mas Jó era um homem piedoso, e tão piedoso que, ao contrário de Eli, ele criou sua família no temor de Deus, e não apenas foi rápido em observar qualquer pecado conhecido, mas também foi extremamente zeloso de seus filhos, para que secreta e inadvertidamente em seus corações, enquanto estavam em suas mesas lotadas, poderiam ter dito ou pensado qualquer coisa que pudesse ser considerado uma blasfêmia contra Deus. Ele, portanto, assim que a festa terminou, Jó reuniu-os todos e então, como pregador, contou-lhes o perigo a que estavam expostos, e como sacerdote (pois todo patriarca antes da lei era sacerdote) ele ofereceu holocaustos para que nenhum pecado permanecesse sobre seus filhos e filhas.

Assim diz o texto, e oro para que agora tenhamos graça para ouvi-lo; e que o que ouviremos agora permaneça conosco durante a próxima semana, quando alguns de vocês se reunirão em suas próprias casas! Que Deus conceda que nossos pais, ou nós mesmos, se formos pais, possamos ser como Jó, e quando a festa terminar, que venha o sacrifício e a oração, para que não tenhamos pecado e blasfemado contra Deus em nossos corações!

Dividirei meu sermão assim. Primeiro, o texto, e isso é festivo: então tocaremos um sino alegre. Em segundo lugar, o que está no texto, e isso é instrutivo: assim tocaremos o sino do sermão. E, em terceiro lugar, o que segue o texto, e que é aflitivo: assim tocaremos o sino do funeral. Continue lendo

Hoje na História da Igreja: Em 18 de dezembro de 1853, Charles Haddon Spurgeon prega pela primeira vez em Londres, à convite da Igreja Batista de New Park Street.

Por Armando Marcos

Desde 1851, o jovem pastor Charles Haddon Spurgeon exercia o pastoreado na capela batista da vila de Waterbeach, próxima de Cambridge. Como a congregação não tinha condições de pagar muito a Spurgeon, ele continuou trabalhando como tutor durante a semana. Nesse tempo, a igreja cresceu de algumas dezenas para mais de 400 por meio dos sermões deste “menino pregador”, causando um pequeno reavivamento local. Em 1853, Spurgeon foi convidado para dar um discurso na reunião anual da Cambridge Sunday School Union. Sendo o mais jovem dentre os pregadores, Spurgeon foi constrangido por alguns que achavam que ele era novo demais para falar, mas ele pregou e impressionou todos, inclusive um senhor chamado George Gould, que falaria muito bem do “jovem pregador” para Thomas Olney, diácono da Capela batista de New Park Street de Londres, que há meses estava sem pastor e em decadência espiritual.

Em novembro de 1853, Olney mandou um convite para Spurgeon pregar em sua igreja. Ao receber a carta com a chamada, Spurgeon achou que era um engano, que deveria ser para um outro Spurgeon. Afinal, era um convite para pregar na igreja que foi no passado por grandes nomes batistas, como John Rippon, autor do hinário que Spurgeon usava, e de John Gill, um dos maiores teólogos batistas do século XVIII. “Ir para Londres é um grande passo a partir deste pequeno lugar”, ele relatou, e incrédulo, respondeu a carta pedindo uma confirmação se ela para ele mesmo. A confirmação veio e ficou acertado que ele iria para Londres em 17 de dezembro para pregar no dia seguinte. Na data combinada, Spurgeon chegou e ficou hospedado, às custas da igreja, em uma pensão na Queen Square, Bloomsbury.

 

Ilustração da Capela Batista de New Park Street

Spurgeon , o rapaz ‘do interior’ , ficou muito impressionado com os comentários dos hóspedes da pensão sobre “os grandes teólogos da metrópole e suas congregações! “. Relatos de como vários pregadores eram eloquentes e capazes o atemorizaram. Ele relatou que foi para seu quarto sábado de noite em plena “miséria solitária e não encontrava piedade”. No dia seguinte, ao andar pelas ruas: “Imaginando, orando, temendo, esperando, acreditando — eu me sentia completamente sozinho, e ainda assim não sozinho. Esperando pela ajuda divina , e interiormente abatido pelo meu senso de necessidade dela , atravessei um deserto sombrio de tijolos para encontrar o local onde minha mensagem deveria ser entregue”.

Naquela manha, Spurgeon encontrou uma igreja que para seus olhos era imponente, com capacidade para mais de 1000 pessoas, mas apenas pouco mais de 300 estavam no local, o que fazia parecer bem esvaziado. Spurgeon, mesmo com medo e temor, mas encorajado pela graça de Deus, pregou o sermão “O Pai das Luzes” em Tiago 1:17 : “Toda boa dádiva e todo dom perfeito é lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação, ou sombra de mudança”. Todos ficaram maravilhados. Esse sermão impactou a congregação de tal forma que os que o ouviram convidaram muitos outros para ouvirem a segunda pregação da noite, entre eles uma jovem amiga da família Olney chamada Susannah Thompson, que seria a futura esposa do rapaz que ela achou excêntrico por pregar com enorme lenço de cetim azul.

Joseph Passmore

Ao voltar para a pensão, Spurgeon não tinha mais temor algum dos ‘bárbaros londrinos’, e nessa volta conheceu o diácono Joseph Passmore, que era um pequeno editor que muito em breve, junto com seu sócio começaria a publicar os sermões de C.H.Spurgeon , obra usada por Deus até os dias de hoje. Eles seriam amigos durante a vida toda. Após esse dia, Spurgeon foi convidado para pregar outras vezes em janeiro de 1854, e após alguns meses, foi convidado para ser pastor titular, sendo eleito em Abril com quase 95% dos votos da congregação. Charles Haddon Spurgeon deixou a pequena vila de Waterbeach com pesar por seu povo, mas o pastoreado em Londres o faria ser chamado de “Novo Whitefield”, multidões lotariam seus cultos até que New Park Street ficasse pequena demais , e sua pregação impactaria a Inglaterra e o mundo até o fim de seu ministério terreno em 31 de janeiro de 1892, e pela graça de Deus até nossos dias.

 


FONTE BIBLIOGRÁFICA: Autobiography of Charles H. Spurgeon compiled from his diary, letters and records by his wife and his private secretary

 

Há 190 anos, nascia Charles Haddon Spurgeon, em Kelvedon, Inglaterra

Hoje lembramos os 190 anos de nascimento de Charles Haddon Spurgeon, no dia 19 de junho de 1834, na Inglaterra. A seguir, uma pequena prévia do livro “Vida e Obra de Charles Spurgeon“, escrito por Armando Marcos, sem data de lançamento ainda:
 
“John Spurgeon, pai de Charles, nasceu na vila de Stambourne em 15 de julho de 1811, no primeiro ano do pastorado de seu pai, James nessa localidade. John também se sentiu chamado ao ministério pastoral, mas no começo, tal como seu pai, não seguiu o ministério em tempo integral, e trabalhava durante a semana e pregava aos fins de semana em algumas igrejas Congregacionais da região. John trabalhou muito tempo como contador de empresas de carvão e teve vários negócios próprios. Assumiu o ministério em tempo integral apenas aos 40 anos.
 
John Spurgeon casou-se com uma moça chamada Eliza Jarvis em 1833 . Juntos, tiveram 17 filhos, dos quais apenas 8 sobreviveram à infância. Desses, Charles Haddon Spurgeon nasceu exatamente no dia 19 de junho de 1834. Nasceu na pequena vila de Kelvedon, Essex. Segundo seus diversos biógrafos, nasceu nesse povoado por conta do trabalho itinerante do pai nessa época. O pequeno Charles foi batizado em 3 de agosto do mesmo ano, pelo avô James, na Igreja Congregacional de Stambourne. Recebeu o nome “Charles” em homenagem a um irmão de sua mãe que chamava-se “Charles Parker Jarvis”, e o segundo nome, “Haddon”, em homenagem a um irmão de seu pai John que chamava-se “Haddon Rudkin Spurgeon”. Esse tio tinha recebido esse nome como homenagem de James para um amigo seu que era diácono de sua igreja e que o ajudou em certos negócios de vendas de laticínios quando James Spurgeon era jovem, ainda antes de assumir o ministério pastoral . Em sua autobiografia, Charles conta que gostava do “Tio Haddon”, mas achava que seu nome tinha ficado longo demais, e por isso chamou seus filhos gêmeos de Charles e Thomas, sem nome do meio .
 
Durante pouco mais de um ano, Charles foi criado com John e Eliza, mas em agosto de 1835, ele foi entregue aos cuidados dos avôs paternos. O pequeno Charles moraria em Stambourne durante 5 anos aproximadamente. A providência divina estavam atuando”

Um Banquete Celestial para o Natal – Sermão N° 846

Pregado na manhã de Domingo,

20 de Dezembro de 1868

Por Charles Haddon Spurgeon

no Tabernáculo Metropolitano, Newington, Londres.

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 “E o Senhor dos Exércitos dará neste monte a todos os povos um farto banquete com animais gordos, uma festa com vinhos envelhecidos, carnes com tutanos gordos e com vinhos velhos, bem purificados e com borras.” Isaías 25:6

Estamos quase chegando à grande época de festividades do ano. No dia de Natal encontraremos todos da Inglaterra divertindo-se com todo jubilo que puderem sentir. Como servos do Senhor, vocês possuem a maior parte da alegria na pessoa Daquele que nasceu em Belém, assim, convido-os a melhor de todas as ceias de Natal, convido-os ao prato mais nobre que nos faz suspirar na mesa: o pão do céu, o alimento para seu espírito. Eis quão ricas e abundantes são as provisões que Deus providenciou para a grande celebração, a qual Ele deseja que Seus servos se recordem, não apenas agora, mas sim, por todos os dias de suas vidas!

O Senhor, no versículo que temos diante de nós, teve o prazer de descrever as disposições do Evangelho de Jesus Cristo. Apesar de outras interpretações já terem sido sugeridas para este verso, elas são todas monótonas e obsoletas, e totalmente cheias de expressões pobres relacionadas ao que está diante de nós. Quando contemplamos a pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo, cuja carne é a verdadeira comida e cujo sangue é verdadeira bebida – quando O vemos oferecido no monte determinado, logo, descobrimos uma plenitude de significado nestas benditas palavras de santa hospitalidade: “O Senhor preparará uma festa com animais gordos, carnes cheias de tutano”.

Nosso próprio Senhor gostava muito de descrever Seu Evangelho sob a mesma imagem que é aqui empregada. Certa vez, Ele comentou a respeito da boda de um casamento real: “Meus bois e meus novilhos estão abatidos, e tudo está preparado.” (Mateus 22:4). E não parecia que Ele podia sequer completar a beleza da parábola do filho pródigo sem matar o bezerro gordo e sem terminar com um banquete, com música e dança. Assim como uma festividade na terra é aguardada e estimada como um oásis em meio ao deserto do tempo, o Evangelho de Jesus Cristo é para a alma que foi docemente libertada de sua escravidão e angustia, provando de gozo e alegria. Sobre este assunto pretendemos falar esta manhã, e ansiamos sermos socorridos pelo grande Anfitrião da celebração.

Nosso primeiro tópico será a festa. O segundo será a respeito do salão do banquete – “neste monte”. O terceiro será o Anfitrião – “O Senhor fará uma festa”. E no quarto tópico veremos sobre os convidados – “Ele fará isso para todas as pessoas”.

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