A Inclinação da Carne é Inimizade Contra Deus – Sermão nº 20

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Sermão pregado na manhã de domingo, 22 de Abril de 1855.

Por Charles Haddon Spurgeon,

no Tabernáculo Metropolitano, Newington.

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“Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus.”  Romanos 8:7

Esta é uma denúncia muito solene que o apóstolo Paulo formula contra a mente carnal. Ele a declara como inimiga de Deus; e quando relembramos o que o homem foi uma vez, considerado apenas um pouco menor do que os anjos, aquele companheiro que passeava com Deus no jardim do Éden durante o dia, quando pensamos que o homem foi criado à imagem de seu Criador, puro, sem mancha e imaculado, não podemos nos sentir nada menos do que amargamente aflitos ao descobrir uma acusação como esta, proferida contra todos nós como seres humanos. Devemos pendurar nossas harpas sobre os salgueiros ao ouvir a voz de Deus, quando fala solenemente à Sua criatura rebelde.

“Como caíste desde o céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Tu eras o selo da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. Esteve no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa era a tua cobertura,… em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados. Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti. Na multiplicação do teu comércio encheram o teu interior de violência, e pecaste; por isso te lancei, profanado, do monte de Deus, e te fiz perecer, ó querubim cobridor, do meio das pedras afogueadas.” (Isaias 14)

Sentimo-nos extremamente tristes quando contemplamos as ruínas de nossa humanidade. Como o cartaginense ao olhar o lugar desolado de sua mui amada cidade, derramou lágrimas abundantes quando a viu convertida em escombros pelos exércitos romanos – ou como o Judeu que perambulava pelas ruas desertas de Jerusalém, enquanto lamentava que o arado terrível desfigurou a beleza e a glória dessa cidade que era a alegria de toda a terra, assim deveríamos doer em nós mesmos, e por nossa raça, quando contemplamos as ruínas dessa excelente estrutura que Deus formou, essa criatura sem rival em simetria, com um intelecto superado somente pelo intelecto dos anjos, esse poderoso ser, o homem, quando contemplamos como caiu, e caiu de sua elevada condição, convertido em uma massa de destruição.

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Recrutas para o Rei Jesus – Sermão Nº 3533

RECRUTAS PARA O REI JESUSNº 3533

Um Sermão pregado por

Charles Haddon Spurgeon

No Tabernáculo Metropolitano, Newington, Londres

Publicado quinta-feira, 12 de outubro de 1916.

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“Davi retirou-se dali e se refugiou na caverna de Adulão; quando ouviram isso seus irmãos e toda a casa de seu pai, desceram ali para ter com ele. Ajuntaram-se a ele todos os homens que se achavam em aperto, e todo homem endividado, e todos os amargurados de espírito, e ele foi feito chefe deles; e eram com ele uns quatrocentos homens” 1 Samuel 22;1,2

 Davi, nas cavernas de Adulão é um tipo de nosso Senhor Jesus Cristo, que foi desprezado e menosprezado entre os filhos dos homens. Cristo é o ungido de Deus, porém os homens não percebem essa unção. Ele é perseguido por seu grande inimigo, o mundo, assim como Davi foi perseguido pro Saul, e agora prefere morar na caverna de Adulão a assentar-se em seu trono. Quando Davi experimentava sua desonra foi o momento preciso em que seus verdadeiros amigos ficaram em torno dele. Da mesma maneira, nesta hora quando o nome de Cristo é coberto de muita desonra e censura, é o momento preciso que os verdadeiros seguidores do Salvador se recolham em torno a Seu estandarte e defendam Sua causa. Unindo-se a Davi depois de que fora coroado rei, teria sido uma ação irrelevante; os filhos de Belial poderiam fazê-lo; porém aliar-se com Davi quando se viu obrigado a ocultar-se de seus cruéis inimigos nos refúgios do monte, comprovava que aqueles homens eram verdadeiros amigos e leais súditos de Davi.

Bem-aventurados aqueles a quem lhes é concedido alistar-se sob o estandarte de Cristo nesse presente momento; bem-aventurados aqueles que não têm vergonha de confessá-Lo diante dos filhos dos homens e nem de tomar valorosamente Sua Cruz, e bem-aventurados aqueles que sofrem as perdas e perseguições que a Sua providência lhe agrade ordenar que enfrentem. Posto que essa noite eu não me proponho a falar-lhes sobre Davi, senão sobre o mais grandioso Filho de Davi, permitam-me pronunciar algumas palavras iniciais, dirigidas a:

 1. QUEM JÁ SE ALISTOU NESSA TROPA BENDITA.

Entre aqueles membros da tropa de Davi, sobressaem os seus irmãos e os homens da casa de seu pai. Assim também, amados em Cristo, nós, os que temos sido chamados pela graça divina, somos considerados por Ele Seus irmãos e os homens da casa de Seu pai. Quando esteve aqui em baixo, olhando os discípulos ao seu redor, nosso bendito Senhor disse: “Aqui está minha mãe e meus irmãos. Porque todo aquele que faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, e minha irmã, e minha mãe”. Tal a Sua condescendência, que não se envergonha de chamar-nos irmãos. Todos n quantos temos entregado nossos corações, todos quantos confiamos nele e lhe amamos, somos, real e verdadeiramente, Seus irmãos e os homens da casa de Seu Pai. Seu pai é nosso pai, Seu gozo é nosso gozo e Seu céu será nosso céu e breve.

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A Membresia da Igreja – Sermão Nº 3411

CAPA a membresia da igrejaNº 3411

Sermão pregado na noite de 24 de Outubro de 1869

por Charles Haddon Spurgeon

No Tabernáculo Metropolitano, Newington, Londres.
E publicado em 18 de Junho de 1914

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“E não somente fizeram como nós esperávamos, mas a si mesmos se deram primeiramente ao Senhor, e depois a nós, pela vontade de Deus. 2 Coríntios 8:5.”

Algumas pessoas estão tratando sempre de comprovar o que é costume na igreja cristã. Em todo o tempo, estão buscando exemplos e precedentes. O pior do caso é que muitas dessas pessoas buscam coisas antigas que não são suficientemente antigas; as coisas antigas da Igreja de Roma, por exemplo, seus costumes e ordenanças medievais, que não são outra coisa senão um autêntico disparate. Se quisessem coisas verdadeiramente antigas e sólidas, elas deveriam regressar aos tempos apostólicos. O melhor livro de história da Igreja para fazer cópia do ritual, do verdadeiro ritual, é o livro dos Atos dos Apóstolos, e quando a Igreja cristã apelar para esse livro, ao invés de inquirir sobre o que os cristãos primitivos dos séculos dois e três fizeram, então sim, se aproximarão muito mais do real conhecimento do que devem fazer.

Agora, nosso texto nos fala de um antigo costume dos dias dos apóstolos. Aqueles que se convertiam em cristãos se entregavam primeiramente ao Senhor, e logo em seguida se entregavam à Igreja, de acordo com a vontade de Deus. Vamos ponderar essas coisas na sua ordem. Claro que iremos refletir primeiro sobre o ponto central e mais importante: esta ação de valor e beleza a tudo que segue e é seu fruto:

I. A CONSAGRAÇÃO SUPREMA DA ALMA.

A primeira coisa que os cristãos originais fizeram, os cristãos dos tempos antigos e do Espírito Santo, foi que: “a si mesmos se entregaram primeiramente ao Senhor”. Isso é vital, é a oferenda de maior importância. Nós todos que professamos ser discípulos de Cristo realmente temos nos entregado a Deus? Não existe nessa casa de oração alguns que jamais pensaram em fazer isso, e inclusive alguns que rejeitariam com desprezo a simples ideia de fazê-lo?

Ó meus leitores, o dia virá quando vocês contemplarão esses assuntos sob uma luz muito diferente, e no mundo vindouro, se descobrirá que se entregar ao Senhor teria sido sua mais alta sabedoria, e que ter vivido para o ego foi sua suprema tolice.

Quando esses primeiros cristãos se entregavam ao Senhor, a primeira coisa manifesta era que esta consagração e entrega eram sinceras. Se alguns dos aqui presentes se entregaram ao Senhor, deveriam se perguntar se sua consagração foi sincera. Esses crentes primitivos levavam a sério aquilo que afirmavam, uma profunda realidade estava contida em sua consagração: entregavam-se a Jesus Cristo para serem inteiramente Dele.

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Segurança Garantida em Cristo – Sermão N° 908

Segurança Garantida em CristoN° 908

Sermão pregado na manhã de Domingo, 2 de Janeiro de 1870

Por Charles Haddon Spurgeon

No Tabernáculo Metropolitano, Newington, Londres.

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“Eu sei em quem tenho crido, e estou seguro que é poderoso para guardar meu depósito para aquele dia.”

2 Timóteo 1:12.

No estilo dessas palavras apostólicas há uma certeza sobremaneira revigorante nessa época entregue a dúvida. Em certos círculos da sociedade é raro encontrar-se hoje em dia com alguém que creia em algo.

O filosófico, o correto, o que está na moda em nossos dias é duvidar de tudo que geralmente é aceito; certamente quem sustém algum credo, do tipo que seja, são catalogados pela escola liberal como dogmáticos antiquados, como pessoas superficiais de um intelecto deficiente e mui defasados com respeito a sua época.

Os grandes homens, os homens de pensamento, os homens de cultura elevada e gosto refinado consideram que é sábio suspeitar da revelação; e escarnecem qualquer solidez de crença. Os condicionais “se” e “mas”, os “talvez” e os “porventura” são o deleite e o supremo dessa época. Havia de nos surpreender que os homens encontrem que tudo é incerto quando recusam submeter seus intelectos as declarações do Deus da verdade?

Note espantado, então, a edificante e até mesmo surpreendente segurança do apóstolo: “Eu sei,” afirma ele. E isso não basta: “Estou seguro”, acrescenta. Fala como alguém que não pode tolerar nenhuma dúvida. Não há nenhuma dúvida acerca de se têm crido ou não. “Eu sei em quem tenho crido.” Não há nenhuma vacilação acerca de se teria razão para crê-lo. “Estou seguro que é poderoso para guardar meu depósito”. Não há nenhum titubeio com respeito ao futuro; está tão seguro em relação aos anos por vir como o está quanto ao momento presente. “É poderoso para guardar meu depósito para aquele dia.” Bem, agora, a certeza que é somente um produto da ignorância e que não vem acompanhada de nada parecido a reflexão, resulta ser muito desagradável. Mas no caso do apóstolo, sua confiança não está fundamentada na ignorância, mas no conhecimento: “eu sei”, afirma ele. Há certas coisas que Paulo tem apurado, e ele sabe são um fato, e sua confiança está baseada nessas verdades que têm sido indagadas. Além disso, sua confiança não era fruto do descuido, pois acrescenta: “estou seguro”, como se houvesse fundamentado o assunto e foi persuadido a aceitá-lo; como se houvesse meditado largamente a respeito, e o teria pesado, e a força da verdade lhe tivesse convencido plenamente de maneira a ser persuadido.

Quando a certeza é o resultado do conhecimento e da meditação, se torna sublime, como sucedeu com o apóstolo, e sendo sublime, se torna influente. Neste caso, deve haver influído certamente no coração de Timóteo e na mente de dezenas de milhares de pessoas que examinaram esta epístola ao longo destes 19 séculos.  Incentiva os mais tímidos quando veem que outros são preservados e confirma os indecisos quando veem que outros permanecem firmes. As palavras do grande apóstolo, que ressoam com som de trombeta esta manhã: “eu sei… e estou seguro”, não podem senão nos ajudar a encorajar e dar ânimo a muitos de nós em nossas dificuldades e ansiedades. Que o Espírito Santo faça não apenas que admiremos a fé de Paulo, mas que a imitemos e que alcancemos o mesmo grau de confiança.

Alguns falam confiadamente porque não estão seguros. Quão frequentemente temos observado que o alarde e as bravatas são apenas manifestações externas de uma trepidação interior, são apenas dissimulações adotadas para esconder a covardia! Tal como assobiam os colegiais para renovar o ânimo quando atravessa o cemitério localizado junto a uma igreja, assim algumas pessoas falam com muita segurança porque não estão seguras, e fazem uma ostentação pomposa de fé porque desejam corroborar a presunção de que — como é seu único consolo — é sobremaneira apreciada por elas.

Bem, agora, no caso do apóstolo, cada sílaba que ele pronuncia tem como base um peso sumamente real de confiança que as mais categóricas expressões não poderiam exagerar. Sentado ali dentro do calabouço como prisioneiro por Cristo, aborrecido por seus compatriotas, desprezado pelos doutos e ridicularizados pelos rudes, Paulo confrontou o mundo inteiro com uma santa valentia que não conhecia nenhuma covardia, com um valor que era produto da profunda convicção de seu espírito. Vocês podem tomar estas palavras e dar a cada uma delas toda a ênfase possível, pois são as expressões verazes de um espírito inteiramente sincero e valente. Que desfrutássemos nós também de uma confiança assim e que a declarássemos com plena convicção, pois nosso testemunho daria glória a Deus e levaria consolo aos demais.

Esta manhã, para nossa instrução e conforme o Espírito Santo nos ajude, vamos considerar, primeiro, o encargo em questão: o que Paulo confiou a Cristo; em segundo lugar, o feito que está mais além de toda dúvida, quer dizer, que Cristo foi poderoso para guardá-lo; em terceiro lugar, a certeza desse fato; e como o apóstolo foi capaz de dizer: “eu sei… e estou persuadido”, e em quarto lugar, a influência dessa segurança quando governa no coração.

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Um Apelo Urgente Por Uma Resposta Imediata – Sermão N° 2231

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Sermão pregado na noite de Domingo, 10 de maio de 1891

Por Charles Haddon Spurgeon

No Tabernáculo Metropolitano, Newingon, Londres

E destinado para leitura no dia 22 de Novembro de 1891

(COM CARTA ANEXO DO SR. SPURGEON AOS LEITORES DESSE SERMÃO)

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“Agora, pois, se haveis de usar de benevolência e de verdade para com o meu senhor, fazei-mo saber; se não, declarai-mo, para que eu vá, ou para a direita ou para a esquerda”. (Gênesis 24.49)

O capítulo de onde o texto é extraído está repleto de particularidades. Há um extraordinário paralelismo entre Eliezer procurando uma esposa para Isaque e os ministros de Cristo procurando almas para Jesus. É mais que uma alegoria. É, de fato, uma parábola bastante instrutiva de como devemos lidar com as almas de homens e mulheres para o nosso Senhor. Assim como Abraão enviou seu servo para buscar uma noiva para seu filho, nós também somos comissionados a buscar aqueles que serão trazidos a Igreja para, finalmente tomarem assento na festa das bodas, como noiva de Cristo, no País de Glória celestial!

Podemos até pra perceber Eliezer orando por todo o caminho. Nem por um momento passou por sua mente qualquer dúvida sobre a interferência de Deus nos assuntos humanos, mas com coragem e simplicidade procurou saber Sua vontade. Assim, depois de apresentar seu pedido, o encontramos confiando tranquilamente e aguardando em silêncio, “para saber se o Senhor havia feito próspera a sua jornada, ou não”. Embora seus esforços tenham sido coroados com sucesso, ele continuou reconhecendo que o cumprimento da sua missão de forma tão rápida foi resposta de oração. Foi a direção de Deus e não sua própria perspicácia ou sabedoria que lhe conferiu êxito. Também é assim com todo verdadeiro ministro do Novo Testamento. Ah, se não orarmos por vocês, meus caros ouvintes, nossa pregação será uma hipocrisia! Nunca devemos falar de Deus aos homens no poder da persuasão, a menos que falemos dos homens a Deus no poder da oração! Não foi sem muita oração e muitos suspiros do meu coração que vim aqui falar pra vocês esta noite. Acredito ter sido enviado com a missão de encontrar alguns que foram escolhidos por Cristo dentro do propósito e Aliança divinos e peço ao meu Senhor que haja muitos destes aqui.

Era assim que este servo fiel orava ao Deus do seu senhor. Enquanto orava, percebia como Abraão era leal ao senhor dele. Evidentemente, percebeu que a missão em que estava não era propriamente sua, mas que fora o instrumento escolhido para fazer a vontade do seu senhor. A expressão “meu senhor” é o refrão deste capítulo. A palavra “senhor” ocorre 22 vezes. Nao era o desejo de Eliezer ser independente de Abraão ou do seu filho. Ao contrãrio, Seus pensamentos foram os do seu senhor – suas palavras foram em louvor do seu senhor – seus feitos em nome do seu senhor. Ele não se pertencia, mas era servo de outro. Esta também é a nossa posição. Ai do ministro que perde de vista a verdadeira relação entre ele próprio e seu Senhor, ou que começa a pensar em servir aos seus próprios interesses em vez dos interesses Daquele que o chamou e o enviou! Meus irmãos e irmãs, nós não nos pertencemos; somos escravos de Cristo. Que nosso coração se mantenha sempre fiel a Ele! Que nossos lábios sempre Lhe profiram louvor! Que nossa vida sempre testemunhe a devoção que temos para com o nosso Senhor! Nada do que temos é propriamente nosso – tudo é Dele; Seu absoluto domínio sobre nós é o nosso maior prazer.

George Herbert fala da “fragrância Oriental” que reside nas palavras “meu Senhor”. De fato, este é um nome cheio de aroma suave e de santa alegria. Sendo assim, até mesmo o aqui e agora se torna um Céu para servi-Lo! Mas, o que será visto em Sua face quando Sua noiva for trazida para casa em segurança?

 

ó Jesus, Tu prometeste”

A quantos seguem a Ti

Que onde estiveres em Glória,

Teus servos estarão ali!

E Jesus, eu prometi,

Servir-Te até o final.

Dá-me a graça de seguir-Te

Senhor e Amigo leal.”

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O Remédio Universal – Sermão Nº 834

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Sermão pregado na manhã de Domingo de 4 de outubro de 1868,

Por Charles Haddon Spurgeon

No Tabernáculo Metropolitano, Newington, Londres.

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“Pelas suas pisaduras fomos curados.” Isaías 53:5

 

Recebi em um dia desta semana um breve comunicado que dizia o seguinte: “Se busca um remédio para uma fé débil e insegura, especialmente para quando Satanás remove o desejo de orar”. Avidamente desejoso de prescrever alguns remédios para tais enfermidades e para quaisquer outros males que pudessem aborrecer o povo do Senhor, comecei a considerar quais eram os remédios sagrados para um caso como esse, e só pude me lembrar de um: “As folhas da árvore eram para saúde das nações”. Nosso Senhor Jesus é uma árvore de vida para nós, e todas as folhas – suponho que o Espírito Santo quis dizer os atos, as palavras, as promessas e as leves aflições de Jesus – são para a cura de Seu povo. Logo veio à minha mente o seguinte texto: “Pelas suas pisaduras[1] fomos curados.” Não somente Suas feridas sangrentas nos curam, mas mesmo as contusões de Sua carne; não somente a obra dos cravos e da lança nos cura, mas a tarefa cruel da vara e do chicote.

Dentre toda essa multidão de crentes, não há ninguém aqui que está completamente livre de algumas enfermidades espirituais; alguém poderia dizer: “Minha enfermidade é uma fé débil”; outro poderia confessar: “Minha doença é entregar-me a pensamentos fantasiosos”; outro poderia exclamar: “Meu mal é a frieza do meu amor”; e uma quarta pessoa poderia ter que lamentar sua impotência na oração.

Um remédio universal não bastaria para curar todas as enfermidades em um plano natural, no instante em que o médico começa a proclamar que sua medicina cura tudo, vocês podem supor sagazmente que não cura nada. Mas nas coisas espirituais não sucede da mesma maneira, pois há uma panaceia, isto é, há um remédio universal que é fornecido pela palavra de Deus para todas as enfermidades espirituais a que o homem pode estar sujeito, e esse remédio está contido nas poucas palavras do meu texto: “Por suas pisaduras fomos curados”.

I. Então, esta manhã irei convidá-los a considerar, antes de mais nada, A MEDICINA QUE ESTÁ PRESCRITA AQUI: as chicotadas do nosso Salvador. Não se trata de acoites que deviam ser aplicados às nossas próprias costas, nem de torturas infligidas em nossas mentes, mas a dor que Jesus suportou por conta daqueles que confiam Nele. O profeta entendia aqui, sem dúvida, que a palavra “pisadura” significava, primeiro, literalmente, esses chicotes reais que caíram sobre os ombros de nosso Senhor, quando foi flagelado pelos judeus e quando foi posteriormente açoitado pelos soldados romanos.

Mas a intenção das palavras vai muito mais além disso. Não há dúvida de que, com seu olho profético, Isaías viu os chicotes que vinham empunhados pela mão invisível do Pai, que não caia sobre a carne de Jesus, mas sobre sua natureza mais nobre e íntima, quando Sua alma era açoitada pelo pecado, quando a justiça eterna foi o lavrador e cavava sulcos profundos em Seu espírito, quando o chicote era descarregado com uma força terrível, uma, e outra e outra vez mais sobre a alma bendita Daquele que se fez maldição por nós, para que Nele fossemos feitos justiça de Deus. Eu entendo que o termo “pisaduras” abrange todos os sofrimentos físicos e espirituais de nosso Senhor, com referência especial a esses castigos de nossa paz que a precederam ou, antes, que causaram Sua morte expiatória pelo pecado; é por essas feridas que nossas almas são curadas.

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O Senhor Ressuscitou Verdadeiramente – Sermão Nº 1106

O Senhor Ressuscitou VerdadeiramenteNº 1106

Sermão pregado na manhã de Domingo de 13 de Abril de 1873,

Por Charles Haddon Spurgeon

No Tabernáculo Metropolitano, Newington, Londres.

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“E, estando elas muito atemorizadas, e abaixando o rosto para o chão, eles lhes disseram: por que buscais o vivente entre os mortos? Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na Galiléia.” Lucas 24:5-6

O primeiro dia da semana comemora a ressurreição de Cristo, e, seguindo o exemplo apostólico, temos constituído o primeiro dia da semana como nosso dia de repouso. Isso não nos sugere que o repouso de nossas almas deve ser achado na ressurreição de nosso Salvador? Não é certo que uma clara compreensão da ressurreição de nosso Senhor é, através do Espírito Santo, o meio mais seguro de trazer paz as nossas mentes? Ser participante da ressurreição de Cristo é desfrutar desse dia de repouso que resta para o povo de Deus. Nós que temos crido no Senhor ressuscitado entramos no repouso, assim como Ele mesmo repousa a destra de Deus. Nele descansamos porque Sua obra foi consumada e Sua ressurreição é a garantia de que aperfeiçoou todo o necessário para a salvação de Seu povo, e nós estamos completos Nele. Eu confio que, pelo poder do Espírito Santo, sejam semeados nas mentes dos crentes alguns pensamentos condutores ao repouso, enquanto realizamos uma peregrinação ao sepulcro novo de José de Arimateia e vemos o lugar onde o Senhor esteve sepultado.

I. Primeiro, nessa manhã irei falar-lhes sobre certas LEMBRANÇAS INSTRUTIVAS que se aglomeram em torno do lugar onde Jesus dormiu “com os ricos na morte”. Ainda que Ele não está ai agora, com toda certeza esteve ai uma vez, pois “foi crucificado, morto e sepultado”. Esteve tão morto como os mortos estão agora, a ainda que Ele não pudesse ver a corrupção, nem podia ser retido pelos laços da morte mais além do tempo predestinado, contudo, Ele esteve sem sombra de dúvida morto. Não restou nenhuma luz em Seus olhos, nem vida alguma em Seu coração. O pensamento fugiu de Sua fronte coroada de espinhas, e Sua boca de ouro emudeceu. Ele não morreu simplesmente em aparência, mas sim em realidade; a lança resolveu essa dúvida de uma vez por todas; portanto, tendo sido morto, foi colocado em um sepulcro como um idôneo ocupante da calada tumba. No entanto, como Ele não está ali agora, mas ressuscitou, nos corresponde recolher os objetos que nos recordam que Ele esteve ali. Não contenderemos com os sectários supersticiosos pelo “Santo sepulcro”, mas sim iremos recolher em espírito as preciosas relíquias do Redentor ressuscitado.

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A Última Palavra de Cristo na Cruz – Sermão Nº 2311

A Última Palavra de Cristo na CruzNº.2311

Sermão pregado na noite de Domingo, 9 de Junho de 1889

Por Charles Haddon Spurgeon

No Tabernáculo Metropolitano, Newington, Londres.

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Então Jesus, clamando em alta voz, disse: “Pai, em tuas mãos entrego meu espírito. E havendo dito isso, expirou”.

Lucas 23: 46.

Estas foram as palavras de nosso Senhor Jesus Cristo ao morrer: “Pai, em tuas mãos entrego meu espírito”. Poderia ser instrutivo que lhes recordasse que foram sete as palavras de Cristo na cruz. Se denominamos cada um de Seus clamores ou expressões com o título de: “uma palavra”, então falaremos das últimas sete palavras do nosso Senhor Jesus Cristo. Permitam-me repassá-las neste momento:

A primeira palavra, quando o cravaram na cruz, foi: “Pai, perdoa-os, porque não sabem o que fazem”. Lucas preservou esta palavra. Mais tarde, quando um dos ladrões disse a Jesus: “Lembra-te de mim quando entrares no teu reino”, Jesus respondeu: “De certo te digo que hoje estarás comigo no paraíso”. Esta palavra também foi preservada cuidadosamente por Lucas. Mais adiante, estando em grande agonia, nosso Senhor viu Sua mãe, que estava junto à cruz com um coração quebrantado; observou-a com amor e dor indizível, e lhe disse: “Mulher, eis aqui teu filho”; e ao discípulo amado disse: “Eis aqui tua mãe”, e assim forneceu um lugar para ela quando partisse. Esta expressão foi preservada unicamente por João.

A quarta e mais central das sete palavras foi: “Eloi, Eloi, lama sabactani?, que traduzido é: Deus meu, Deus, por que me desamparaste?” Esta foi a culminação de Sua dor, o ponto central de toda Sua agonia. Essa palavra, a mais terrível que jamais brotará de lábios de homens para expressar a quintessência de uma agonia agudíssima, é sabiamente colocada em quarto lugar, como se exigiu de três palavras na vanguarda e de três palavras na retaguarda como suas guarda-costas. Descreve a um homem bom, a um filho de Deus, ao Filho de Deus, desamparado por Seu Deus. Essa palavra no centro das sete se encontra em Mateus e Marcos, mas em Lucas e João não. A quinta palavra foi preservada por João e é: “Tenho sede”, a mais breve, mas, talvez, não a mais incisiva de todas as palavras do Senhor, ainda sob um aspecto corporal, possivelmente seja a mais dilacerante de todas elas. João entesourou também outra palavra preciosa de Jesus Cristo desde a cruz, aquela prodigiosa palavra: “Está consumado”. Essa foi a penúltima palavra: “Está consumado”, o resumo da obra de toda Sua vida, pois não deixava nada pendente, nenhum fio foi retalhado, toda a urdidura da redenção havia sido tecida igual Sua túnica: de cima até embaixo, e consumada a perfeição. Depois que disse: “Está consumado”, pronunciou a última palavra: “Pai, em tuas mãos entrego meu espírito”, que tomei como nosso texto essa noite, pelo qual nos aproximamos de imediato.

Diversos autores têm dito muitas coisas acerca destas sete palavras desde a cruz; e se bem eu li o que muitos deles escreveram, não poderia acrescentar nada ao que já foi dito, pois se deleitaram em refletir amplamente sobre estas sete últimas palavras; e a respeito disso, os escritores mais antigos da que seria chamada escola católica romana, não podiam ser superados, nem sequer pelos protestantes, em sua intensa devoção por cada letra das palavras agonizantes do nosso Salvador; e eles descobrem algumas vezes novos significados, mais ricos e mais raros que qualquer dos que se lhes poderia haver ocorrido às mentes mais engenhosas dos críticos modernos, que como regra são grandemente renomados com os olhos de uma topeira: são capazes de ver onde não há nada que se possa ver, mas são sempre incapazes de ver quando há algo digno de se ver. Se a crítica moderna – e o mesmo sucede com a teologia moderna – fosse localizada no Jardim do Éden, não veria nenhuma flor. É como o vento do Deserto que explode e queima, mas não tem orvalho nem unção; de fato, é totalmente o oposto dessas coisas preciosas, que é incapaz de agraciar os homens.

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A Primeira Palavra de Cristo na Cruz – Sermão N° 897

A Primeira Palavra de Cristo na CruzNº 897

Sermão pregado na manhã de Domingo, 24 de outubro de 1869,

Por Charles Haddon Spurgeon

No Tabernáculo Metropolitano, Newington, Londres.

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“E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” Lucas 23:34

Nosso Senhor estava suportando naquele exato momento as primeiras dores da crucificação; os verdugos acabaram de meter os cravos em Suas mãos e pés. Além disso, Ele deve ter ficado grandemente deprimido e reduzido a uma condição de extrema debilidade pela agonia da noite no Getsemani, e pelos açoites e as cruéis zombarias que tinha suportado de Caifás, de Pilatos, de Herodes e dos guardiões pretorianos no decorrer de toda aquela manhã. No entanto, nem a debilidade do passado nem a dor do presente impediram que Jesus continuasse em oração. O cordeiro de Deus guardava silêncio com os homens mas não com Deus. Emudeceu como ovelha diante de Seus tosquiadores, e não tinha nem uma palavra a dizer em defesa própria diante de homem algum, mas continuava clamando a Seu Pai em Seu coração, e nem a dor nem a debilidade podem calar Suas santas súplicas.

Amados, que grande exemplo nosso Senhor nos apresenta nesse ponto! Temos de continuar em oração enquanto nosso coração palpite; nenhum excesso de sofrimento deve nos apartar do trono da graça, mas antes deve nos aproximar dele –

“os cristãos devem orar no tanto que vivam,

Pois só quando oram, vivem”

Deixar de orar é renunciar às consolações que nosso caso requer.

Em todas as perturbações do espírito e opressões do coração, grandioso Deus, ajuda-nos a seguir orando, e que nossas pisadas, levadas pelo desespero, não se afastem jamais do propiciatório.

Nosso bendito Redentor perseverou em oração ainda quando o ferro cruel rasgava Seus sensíveis nervos e os repetidos golpes do martelo faziam que Seu corpo todo tremesse com angústia; e essa perseverança se explica pelo fato de que tinha um hábito tão imaculado de orar que não podia deixar de fazê-lo; Ele tinha adquirido uma poderosa velocidade de intercessão que o impedia de se deter. Essas longas noites na fria borda do monte, os muitos dias que tinha passado em solidão, essas perpétuas aspirações que costumava elevar aos céus, todas essas coisas tinha desenvolvido Nele um hábito tão arraigado que nem mesmo os mais severos tormentos podiam deter sua força Continue lendo

Perguntas e Respostas desde a Cruz – Sermão Nº 2562

Perguntas e Respostas desde a CruzNº 2562

Sermão pregado na noite de Domingo de 2 de Novembro de 1856,

Por Charles Haddon Spurgeon

Na Capela de New Park Street, Southwark, Londres.

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“Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que te alongas do meu auxílio e das palavras do meu bramido?” Salmo 22: 1

 

“E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” Mateus 27:46

Contemplamos aqui ao Salvador submerso nas profundezas de Suas agonias e dores. Nenhum outro lugar como o Calvário mostra melhor as angústias de Cristo, e nenhum outro momento do Calvário está tão saturado de agonia como quando esse clamor rasga o ar: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”. A debilidade física que lhe sobreveio naquele momento pelo jejum e pelos açoites se somou à aguda tortura mental que experimentou por causa da vergonha e da ignomínia que teve que suportar. Como culminante da dor, sofreu uma agonia espiritual inexprimível devido ao desamparo do qual foi objeto por parte de Seu Pai. Essa foi a negridão e a escuridão de Seu horror. Foi então quando penetrou nas profundezas das cavernas do sofrimento.

Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”. Nessas palavras de nosso Salvador existe algo que tem sempre o propósito de nos beneficiar. A contemplação dos sofrimentos dos homens nos afligem e nos horroriza, mas os sofrimentos de nosso Salvador, ainda que nos movam ao pesar, estão revestidos de algo doce e cheio de consolação. Aqui, inclusive aqui, nesse negro local de dor, enquanto contemplamos a cruz, encontramos nosso céu. Esse espetáculo que poderia ser considerado horroroso, torna ao cristão alegre e feliz. Se bem lamenta a causa, se alegra devido às consequências.

I. Primeiro, em nosso texto, existem TRÊS PERGUNTAS para as quais peço sua atenção.

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