Um Apelo Urgente Por Uma Resposta Imediata – Sermão N° 2231

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Sermão pregado na noite de Domingo, 10 de maio de 1891

Por Charles Haddon Spurgeon

No Tabernáculo Metropolitano, Newingon, Londres

E destinado para leitura no dia 22 de Novembro de 1891

(COM CARTA ANEXO DO SR. SPURGEON AOS LEITORES DESSE SERMÃO)

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“Agora, pois, se haveis de usar de benevolência e de verdade para com o meu senhor, fazei-mo saber; se não, declarai-mo, para que eu vá, ou para a direita ou para a esquerda”. (Gênesis 24.49)

O capítulo de onde o texto é extraído está repleto de particularidades. Há um extraordinário paralelismo entre Eliezer procurando uma esposa para Isaque e os ministros de Cristo procurando almas para Jesus. É mais que uma alegoria. É, de fato, uma parábola bastante instrutiva de como devemos lidar com as almas de homens e mulheres para o nosso Senhor. Assim como Abraão enviou seu servo para buscar uma noiva para seu filho, nós também somos comissionados a buscar aqueles que serão trazidos a Igreja para, finalmente tomarem assento na festa das bodas, como noiva de Cristo, no País de Glória celestial!

Podemos até pra perceber Eliezer orando por todo o caminho. Nem por um momento passou por sua mente qualquer dúvida sobre a interferência de Deus nos assuntos humanos, mas com coragem e simplicidade procurou saber Sua vontade. Assim, depois de apresentar seu pedido, o encontramos confiando tranquilamente e aguardando em silêncio, “para saber se o Senhor havia feito próspera a sua jornada, ou não”. Embora seus esforços tenham sido coroados com sucesso, ele continuou reconhecendo que o cumprimento da sua missão de forma tão rápida foi resposta de oração. Foi a direção de Deus e não sua própria perspicácia ou sabedoria que lhe conferiu êxito. Também é assim com todo verdadeiro ministro do Novo Testamento. Ah, se não orarmos por vocês, meus caros ouvintes, nossa pregação será uma hipocrisia! Nunca devemos falar de Deus aos homens no poder da persuasão, a menos que falemos dos homens a Deus no poder da oração! Não foi sem muita oração e muitos suspiros do meu coração que vim aqui falar pra vocês esta noite. Acredito ter sido enviado com a missão de encontrar alguns que foram escolhidos por Cristo dentro do propósito e Aliança divinos e peço ao meu Senhor que haja muitos destes aqui.

Era assim que este servo fiel orava ao Deus do seu senhor. Enquanto orava, percebia como Abraão era leal ao senhor dele. Evidentemente, percebeu que a missão em que estava não era propriamente sua, mas que fora o instrumento escolhido para fazer a vontade do seu senhor. A expressão “meu senhor” é o refrão deste capítulo. A palavra “senhor” ocorre 22 vezes. Nao era o desejo de Eliezer ser independente de Abraão ou do seu filho. Ao contrãrio, Seus pensamentos foram os do seu senhor – suas palavras foram em louvor do seu senhor – seus feitos em nome do seu senhor. Ele não se pertencia, mas era servo de outro. Esta também é a nossa posição. Ai do ministro que perde de vista a verdadeira relação entre ele próprio e seu Senhor, ou que começa a pensar em servir aos seus próprios interesses em vez dos interesses Daquele que o chamou e o enviou! Meus irmãos e irmãs, nós não nos pertencemos; somos escravos de Cristo. Que nosso coração se mantenha sempre fiel a Ele! Que nossos lábios sempre Lhe profiram louvor! Que nossa vida sempre testemunhe a devoção que temos para com o nosso Senhor! Nada do que temos é propriamente nosso – tudo é Dele; Seu absoluto domínio sobre nós é o nosso maior prazer.

George Herbert fala da “fragrância Oriental” que reside nas palavras “meu Senhor”. De fato, este é um nome cheio de aroma suave e de santa alegria. Sendo assim, até mesmo o aqui e agora se torna um Céu para servi-Lo! Mas, o que será visto em Sua face quando Sua noiva for trazida para casa em segurança?

 

ó Jesus, Tu prometeste”

A quantos seguem a Ti

Que onde estiveres em Glória,

Teus servos estarão ali!

E Jesus, eu prometi,

Servir-Te até o final.

Dá-me a graça de seguir-Te

Senhor e Amigo leal.”

 

Observem como o atento Eliezer aproveitou a oportunidade para obedecer às ordens do seu senhor. Seu amor a Abraão o fez cumprir, sem demora, a incumbência que lhe foi confiada. Quando Rebeca veio ao poço ele iniciou uma conversa da mesma forma que o Senhor Jesus fez, tempos depois, com a mulher samaritana no poço de Jacó: pediu que lhe desse de beber. As duas cenas ao lado do poço poderiam quase compor figuras complementares. Em seguida, Eliezer mui habilmente, descobriu seu nome e foi convidado por Rebeca a hospedar-se em casa do seu pai. Sinto um regozijo especial sempre que tomo conhecimento da visita de um servo de Deus à uma casa quando ele é o meio de ganhar alguns membros daquela família para seu Senhor! Devemos sempre ter o objetivo de fazer das nossas visitas uma bênção para aqueles a quem visitamos. Isto conta muito a favor do homem que é capacitado a proceder assim. Se compreendermos que estamos a serviço do nosso Mestre o tempo todo, devemos dar um bom testemunho diante de todos com quem entramos em contato o tempo todo, deixando bem claro que velamos pelas almas como quem há de prestar contas delas. Que possamos fazer isso com alegria e não com tristeza.

Tem algo mais neste homem que é digno de nota. Ele levou sua tarefa a sério e seguiu com um objetivo definido, direto ao alvo. Não tinha vários propósitos, mas apenas um. Ele não foi até ali com outra finalidade a não ser a de encontrar uma esposa para Isaque. Por isso, embora estivesse confortavelmente acomodado e fosse chamado, por Labão, de “o abençoado do Senhor”, não estava satisfeito. Ele levava tão a sério sua missão que nem mesmo se alimentou até que a houvesse esclarecido por completo. Como todo verdadeiro servo de Cristo, ele pôs os negócios do Senhor à frente do seu bem-estar e conforto e, até, da necessidade de alimento. Quando um homem começa a pensar mais em seu alimento do que em fazer a vontade de Deus, ele deixa de ser um ministro fiel! Imitemos a diligência do servo de Abraão aqui. Eliezer disse a Betuel e a Labão o que tinha ido fazer ali e, antes que terminasse seu discurso, voltou-se a eles e lhes disse claramente: “Agora, qual a resposta de vocês à mensagem do meu senhor? Não posso continuar em suspense. Se vocês usarão de benevolência e de verdade para com o meu senhor, digam-me. Se não, digam-me, para que eu volte pela direita ou pela esquerda”.

I. Observem, inicialmente, que ELE expôs cuidadosamente SUA SITUAÇÃO. Vocês não devem esperar que os homens se decidam sobre uma questão que não lhes foi apresentada. Nosso jovem e bom irmão que vai ao púlpito clamando: “Creia, creia”, mas não diz aos seus ouvintes em que devem crer não conseguiu muita coisa! Vocês não podem pedir as pessoas para comprarem algo que vocês não têm para lhes oferecer. Eliezer abriu sua bolsa, expôs seus produtos e procurou fazer negócios em nome do seu senhor. O que ele falou aos seus ouvintes interessados?

Para começar, disse que seu senhor era grande e lhes deu alguma ideia de quão rico ele era ao repassar a lista de suas posses: rebanhos e manadas, prata e ouro, camelos e jumentos, servos e servas. Fez elogios ao seu senhor como eu também procuraria fazer ao meu. As palavras são insuficientes para falar da Sua grandeza! Este mundo é Dele e todos os mundos que Ele fez. “A prata é Minha e o ouro é Meu, diz o Senhor dos Exércitos”. Ele reivindica todas as coisas na terra, animadas e inanimadas. “Toda fera do campo é Minha e o gado aos milhares sobre as montanhas”. Nenhum outro pode se igualar a Ele. “Quem mediu as águas na concha das mãos e tomou a medida dos céus? Quem recolheu numa medida o pó da terra e pesou os montes com pesos e os outeiros em balanças”? Ele é tão grandioso que todas as coisas são pequenas comparadas a Ele. “Eis que, as nações são como uma gota de um balde e são como o pó miúdo da balança: eis que, Ele levanta as ilhas como uma coisa pequeníssima”. Não é, de fato, um glorioso Senhor para ser servido? “Quão grande é a Sua bondade e como é grande a Sua beleza”!

Depois de falar do seu senhor, ele lhes disse que o filho do seu senhor era seu herdeiro. Esse foi um ponto muito importante no negócio. O servo falou sobre como o seu senhor pôs tudo o que tinha nas mãos do seu filho – que as promessas eram para ele e que toda a herança seria dele. Eliezer também tratou o filho como “senhor”, da mesma forma que tratava o pai. De igual modo Eu também desejo glorificar a Deus e magnificar Cristo Jesus, Seu unigênito e Bem-Amado Filho. É a vontade do Pai “que todos os homens honrem ao Filho, assim como honram ao Pai”. Ele é herdeiro de Seu Pai –conquistou o título na Sua parábola dos lavradores maus. Quando nos encontramos em negócios do nosso Senhor, procuramos aqueles que se tornarão “herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo”.

Em seguida, Eliezer procurou alguém disposto a deixar seu lar para encontrar-se com o filho do seu senhor e tornar-se um com ele. Disse que o filho do seu senhor necessitava de uma esposa e que ele tinha vindo para procurar-lhe uma. Para isso, era necessário ser uma pessoa disposta a embarcar numa longa e arriscada viagem e ser peregrina numa terra estranha junto com seu marido. Não poderia ser outra a não ser aquela que ofereceria a si mesma ao Deus de Israel e que teria participação plena com Isaque nas bênçãos da Aliança. Assim é o meu caso agora. O Senhor Deus, o Criador dos Céus e da terra, tem toda sorte de coisas boas para conceder aos filhos dos homens pecadores. Não há medida para a Graça e o amor de Deus. Ele quis tomá-los para serem Seu povo a fim de ser o Deus de vocês. Ele recebe a todos quantos desejam abandonar tudo e se unir ao Seu Filho Unigênito, o Senhor Jesus, que, para a nossa salvação, desceu do Céu, tomou nossa natureza e viveu nela; que tomou nossos pecados e morreu por nós para que pudéssemos ser perdoados e salvos para sempre. O Filho deve ver o fruto do trabalho da Sua alma. Deve existir almas que serão eternamente salvas através da fé Nele. Ele não pode morrer em vão! Ele deve ter um povo que Lhe será como noiva e com quem Ele próprio se deleitará por todo o sempre. A questão é: há algum destes aqui? Há alguém que se renderá ao Seu doce amor, que se confiará a Ele como Rebeca se confiou a Isaque – que sairá do mundo para viver uma vida separada com Ele? Esta é a incumbência a que viemos.

Eliezer acrescentou que esperava ter encontrado a pessoa certa. Acreditava que Rebeca era essa pessoa porque havia posto em oração diante de Deus e ela veio como resposta, fazendo exatamente como ele pedira. Neste momento meu coração está em festa por ter a esperança de que agora, encontrei a pessoa certa. Sempre me pergunto por que algumas pessoas estão aqui. Muitas vezes, vem algum fugitivo da casa de campo do seu pai ao Tabernáculo, no Dia do Senhor. Ele veio a Londres para pecar e nem imaginava que sua vinda foi para ser salvo, mas aqui a Palavra de Deus o prendeu! Apareceu por aqui um marinheiro que passou um ou dois dias no porto e a última coisa que ele poderia pensar era que seria convertido! Mas ele veio aqui e encontrou a vida eterna! A vinda de vocês aqui em tal número, a forma como me olham e a vontade de ouvir o que tenho a dizer, me encoraja e me inspira a entregar a mensagem do meu Mestre sem medo! Certamente Deus pretende abençoar vocês! Se Ele dá o ouvido para ouvir, não dará o coração quebrantado? E se Ele lhes levou a ficar tão ansiosos para ouvir minha mensagem, não são vocês, vocês mesmos, as pessoas que Ele elegeu para estarem unidas ao Seu Filho amado para sempre?

Depois de expor sua missão fielmente, Eliezer pressiona por uma resposta. “Se hás de usar de benevolência e de verdade para com o meu senhor, diga-me. Se Rebeca vai comigo para ser a esposa de Isaque, diga-me”. Da mesma forma eu coloco para vocês. Se estão dispostos a crer no Senhor Jesus Cristo, prontos para abandonar o mundo e todas as suas tentações e vir a Ele, falem isso! Digam-me. Deixe-nos saber se você chegou ao momento da virada. Lembram-se de como os embaixadores romanos exigiram daqueles que vinham a eles, uma tomada de posição quanto a submeter-se a Roma ou declarar-lhe guerra? Quando pediram tempo, os embaixadores desenharam um círculo ao redor deles e disseram: “Antes de saírem desse circulo vocês tem que decidir se são pela paz ou pela guerra”. Eu desenharia um circulo aqui, ao redor de alguns de vocês e diria: “Sua porção deve ser ou salvação ou condenação”. Vocês estão hesitando e titubeando por tempo demais. Não saiam desse lugar até que tenham decidido por um caminho ou por outro.

Bem embaixo da cúpula da Catedral de São Paulo, há um local que, certa vez, ficou marcado em mim – deve ter sido há 40 anos. Ali, um operário ocupado diligentemente no topo da cúpula caiu e, obviamente, foi ao chão em pedaços. Cheguei a ver as marcas da sua talhadeira no lugar onde ele morreu. Eu gostaria de saber se existem marcas nesses bancos onde almas foram perdidas, onde alguns tem negociado com Deus, recusado Sua graça, resistido ao Seu Espírito e descido estrada abaixo? Quisera Deus que, em vez disso, houvesse alguma marca onde a Graça de Deus operou salvação eficaz! Eu creio que, neste lugar, não há um único banco ou assento nos corredores que, legitimamente, não esteja marcado como um lugar onde almas foram salvas. Voces já perceberam um dos amigos que vem falar aqui nas noites de segunda-feira dizer: “O terceiro acento depois daquele pilar era o lugar onde eu estava quando a Luz de Deus me alcançou”. E outro diz: “Cristo me encontrou num banco de trás na galeria superior”, e, assim por diante, até terem apontado para quase todas as partes do edifício como lugar onde Deus chamou alguém por Sua Graça! Espero que alguns de vocês estejam, agora, sentados no lugar onde foram predestinados para nascer de novo para a vida eterna!

II. Em segundo lugar, está claramente posto diante de vocês que, quando Eliezer expôs seu caso, ELE QUERIA RECEBER UMA RESPOSTA FAVORÁVEL. Eu poderia quase dizer que ele esperava por tal resposta. Depois daquela orientação maravilhosa e da recepção acolhedora, cresceram as esperanças de que sua missão seria, sem mais demora, levada a um desfecho satisfatório.

Se lhe fosse dada uma resposta favorável, isso o permitiria cumprir sua missão. Ao passo que, se a resposta fosse contrária ele não poderia cumprir as ordens do seu senhor. Se nenhuma alma for salva através desta pregação, eu não posso continuar em minhas atividades. “Bem”, pode dizer alguém, “um homem pode pregar muito fielmente e mesmo assim não ter nenhuma alma salva”. Sim, um pescador pode pescar e nunca fisgar nenhum peixe, mas não há muito de pescador nele. Assim, se não existem almas salvas, talvez eu pudesse encontrar alguma maneira de satisfazer minha consciência, mas até agora, eu desconheço. Nunca procurei por um grande consolo e espero nunca procurar. Comigo é assim: “Dá-me filhos ou morrerei”. Se vocês não forem salvos e trazidos a Cristo, eu sinto como se devesse desistir de pregar pra vocês. Não posso ficar aqui desferindo golpes no ar. Se meus ouvintes não são convertidos, perdi meu tempo, perdi o exercício da mente e do coração! Sinto como se tivesse perdido minha esperança e minha vida, a menos que encontre para meu Senhor alguns daqueles comprados por Seu sangue – e preciso encontrar alguns deles através deste sermão.

Acho que Eliezer ansiava por uma resposta favorável porque seria resposta à sua oração. Possivelmente vocês não têm orado por si mesmos, mas nós temos orado por vocês. Não que saibamos o seu nome ou o seu caso, mas, frequentemente, vamos em oração em secreto por uma causa assim como a sua e podemos dizer que conduzimos vocês, em súplica sincera, diante de Deus. Talvez existam pessoas piedosas em casa que estão orando para que vocês sejam abençoados enquanto estão aqui. É comum ver pessoas que vem se juntar à Igreja e dizem: “meu marido não é convertido”, ou, “minha filha não é convertida”. Você conseguiria que eles viessem e ouvissem a palavra? Eu pergunto. “Oh, sim, senhor, eles virão e ouvirão”! Bem, eu disse, se você levá-los para a batalha, onde há bastante tiroteio, muito provavelmente eles poderão ser feridos. Oramos sempre para que quando alguns de vocês forem persuadidos a vir e ouvir a Palavra de Deus, o Espírito de Deus os domine; que vocês caiam feridos por Sua espada afiada ou recebam uma flecha entre as articulações da armadura!

A principal razão, no entanto, deste bom homem querer encontrar uma resposta agradável sobre Rebeca era porque iria alegrar o filho do seu senhor. “Oh”! Ele pensou, “quanta alegria lhe darei se levar comigo a mulher certa, a esposa que Deus lhe designou! Ele já perdeu a mãe, Sara, e está definhando de luto. Mas se eu puder levar de volta uma pessoa que irá preencher esse lugar no terno coração dele, ficarei alegrarei”. Quanto a nós, nosso interesse é alegrar o coração de Cristo! Seu coração foi perfurado com uma lança, depois de ter sido quebrado em meio à grande angústia – e não há nada que vá revigorá-Lo mais do que uma alma que se entrega aos Seus cuidados. Quem fará isso aqui? Há alguém nesta casa que está dizendo agora: “eu pertencerei a Cristo daqui por diante; confiarei Nele, porque Ele me amou e Se entregou por mim”? Feliz mensageiro! Estar aqui, contar a história Dele e dizer: Meu Senhor está esperando por vocês num país distante. Fui enviado para convidá-los a compartilhar com meu senhor de tudo o que Ele tem. Se seus corações estão dispostos a aceitá-Lo, Ele Se dá por vocês. A única queixa dele é: “vocês não vêm a Mim para ter vida”. E declara: “aquele que vem a Mim de maneira nenhuma o lançarei fora”. Qualquer “aquele” que vem a Ele será recebido e abençoado por Ele! Eliezer estava certo de que seu senhor trataria Rebeca com benevolência e verdade, por isso pediu ao pai e ao irmão dela para “tratarem com benevolência e com verdade” para com ele. Estou certo de que meu Senhor tratará a vocês com “benevolência e verdade” – Ele não poderia agir de outra forma! Se vocês conhecessem o coração Dele ou tivessem um vislumbre da Sua beleza, não hesitariam mais. Será que vocês não Lhe darão uma resposta favorável e não Lhe dirão: “sim, nós trataremos ao teu Senhor com benevolência e com verdade e entregaremos nossos corações a Ele de uma vez por todas”?

Penso também, que Eliezer começou a acreditar que seria para o benefício de Rebeca ir para o seu senhor. Ele viu o rosto dela junto ao poço. Agradou-lhe o jeito da moça e pensou: “se eu consegui-la para Isaque, ela estará resolvida na vida; ela será senhora e rainha de uma grande família; ela terá um marido feliz e tudo quanto o seu coração puder desejar”. É assim que penso de alguns aqui que nunca encontraram paz. Digo a mim mesmo que se eu pudesse levá-los a Cristo, quão felizes vocês seriam! Se vocês viessem e confiassem Nele teriam conquistado uma fortuna eterna. Se vocês se entregassem a Ele, seria o fim do pecado, o fim da dúvida, o fim do medo e o fim do terror. Vocês estariam salvos! Seu senso moral, que agora é tão precário, se ergueria numa espiritualidade sólida, pois vocês seriam santificados através da habitação do Espírito. Sabendo que é isto o que acontece, eu poderia fazer algo melhor por vocês do que conduzi-los a Jesus?

John B. Gough conta a história de como ele foi trazido de uma estação ferroviária para falar. Era noite e o coche que lhe foi enviado tinha uma janela quebrada. Ele notou que o homem que entrou no coche colocou um lenço sobre a cabeça enquanto sentava tapando o buraco da janela. Depois disto colocou a própria cabeça para vedar a janela, e Gough então lhe perguntou: “você está com resfriado na cabeça”? “Não”, ele disse, “mas há um buraco desagradável nessa janela de vidro e eu temo que o senhor possa pegar um resfriado. Estou enfiando minha cabeça no buraco para protegê-lo, pois o senhor me ensinou a ser um homem e um cristão”. Tamanha gratidão como essa foi muitíssimo tocante. Tenho certeza de que, se pudermos trazer alguns a Cristo, eles ficarão muito gratos. Se pudermos conduzi-los a Jesus, eles se sentirão como se não pudessem fazer o bastante por nós. Portanto, poderíamos pleitear com muitos que agora são nossos filhos queridos em Cristo e dizer: “Deem-nos uma resposta favorável e digam ‘sim’ para a oferta do Filho do nosso Senhor”.

III. O destaque do texto agora é que ELIEZER ESTAVA DETERMINADO A OBTER UMA RESPOSTA. Diz ele: “Agora, pois, se haveis de usar de benevolência e de verdade para com o meu senhor, fazei-mo saber; se não, declarai-mo”. Eles lhe dariam a resposta quer fosse sim ou não. “Se não, declarai-mo”. Posso pedir pra cada um aqui dizer “sim” ou “não” ao convite para se entregar a Cristo? Se você for se entregar diga “eu me entregarei”. Caso contrário, diga deliberadamente: “não me entregarei”. Eu gostaria de poder tomar um homem indeciso pela mão e lhe dizer: “Agora, me diga o que fará”. Posso imaginar que alguns de vocês diriam: “Bem, me dê um tempo para refletir sobre o assunto!” e eu lhes diria: “Você já teve tempo para refletir. Seus cabelos já estão ficando grisalhos.” Apesar de toda a nossa súplica, as pessoas dizem: “Ah, mas eu não gosto de tomar decisão às pressas!” Se lhe pedi que fosse honesto, é porque eu espero que não leve tanto tempo para responder! Por que você hesitaria tanto em aceitar a Cristo, então? Eu sou como o servo de Abraão – eu preciso ter uma resposta!

Podemos, acertadamente, pressionar os homens a se decidirem se tememos que sua resposta seja “Não”? Acho que sim, porque conforme a natureza do caso, não responder significa uma negação. Quantos dos nossos ouvintes têm deste modo virado as costas para Cristo por anos, através do simples procedimento de não lhe dar resposta alguma? “Estamos ouvindo o que o senhor diz” – eles murmuram, “e lhe agradecemos por dizer estas coisas”; mas, apesar disso, saem e continuam em seus caminhos – se esquecem do tipo de homens que são! Tal resposta é uma recusa – não é menos recusa pelo fato de vocês poderem argumentar: “Mas nós não dissemos ‘Não’, senhor. Na verdade, talvez, qualquer desses dias possamos dizer ‘Sim’”. Por enquanto, vocês rejeitam a proposta e recusam entregar-se ao Senhor! A questão é: vocês crerão no Senhor Jesus Cristo? A ausência de uma resposta afirmativa significa: “Não, não creremos”. Estou certo de que é isso que acontece em todos os casos. Nenhum argumento pode ser levantado sobre isso.

Mas se vocês me responderem categoricamente: “Não, nós não receberemos Cristo, não vamos crer Nele nem nos tornaremos cristãos. Não abandonaremos nossos velhos caminhos – pretendemos continuar neles”; bem, mesmo sentindo dor, agradeço pela resposta porque agora podemos conversar a respeito! É melhor do que não responder nada, pelo menos agora temos alguma coisa para trabalhar. Uma resposta desfavorável pode ser considerada, enquanto que a ausência de resposta desorienta todos os nossos esforços para ajudá-lo. É muito mais esperançoso encontrar oposição do que indiferença. É importantíssimo para um capitão, quando o navio está no mar, saber para onde está sendo levado. Quando nos encontramos com aqueles que rejeitam claramente a Cristo, imediatamente, reconhecemos nossa posição. Se você diz, “Não, eu não sou um cristão nem quero ser”, está sendo honesto e eu preciso que você pense sobre isso agora.

Você gostaria de morrer neste estado de espírito? Você pode morrer aí onde está sentado! Você é sábio para tomar decidir a respeito? Você acha que aquela é uma decisão que pode justificá-lo diante do tribunal de julgamento de Deus? Certamente você terá que comparecer ali! Após a morte, você levantará novamente quando a trombeta do arcanjo soar e, tão certo quanto está aqui, você terá que comparecer diante do Grande Trono Branco onde Cristo se assentará como Juíz! Como vai ficar a posição que você assumiu agora, à luz daquele tremendo Dia? Rogo-lhe que pense sobre isto. Espero que mude sua decisão como muitos outros homens têm feito ao considerarem calmamente a magnitude do assunto em questão e a terrível consequência que advém de rejeitar Aquele que agora é o Salvador, mas que um dia se assentará como o Juíz!

Estamos bastante determinados a pressioná-los para que tomem alguma decisão, já que uma resposta desfavorável nos liberará para irmos a outros. Vejam, Eliezer diz: “Se não, declarai-mo, para que eu vá, ou para a direita ou para a esquerda”. Não pensem que se vocês rejeitarem a Cristo Ele perderá os efeitos da Sua morte! “Ele verá o fruto do penoso trabalho da Sua alma e ficará satisfeito”. Se vocês não vierem a Ele, outros virão. Se vocês O rejeitarem, Ele tem um povo que O aceitará, por Sua onipotente Graça. Ó senhores, se vocês que ouvem o evangelho não aceitarem meu Senhor, nós iremos e traremos os publicanos e meretrizes – e eles entrarão no Reino dos Céus diante de vocês! Filhos de pais piedosos, filhos das escolas dominicais, se vocês não crerem, serão lançados nas “trevas exteriores” onde haverá “choro e ranger de dentes” – enquanto o povo a quem vocês desprezaram – infiéis e libertinos, a escória da sociedade, aceitará o Salvador e viverá!

Oh, conjuro-vos a que não pensem que a sua recusa ao convite do evangelho vai deixar alguma lacuna nas fileiras dos remidos! Nosso Salvador, em Sua parábola das bodas do filho do rei predisse o que acontecerá. O rei disse aos seus servos: “As bodas estão preparadas, mas os convidados não eram dignos. Ide, pois, pelos caminhos e a tantos quantos encontrarem, convidem para o casamento”. Saíram aqueles servos pelos caminhos e reuniram todos os que encontraram, maus e bons: e o casamento estava repleto de convidados. Eu gostaria de instá-los a que se rendam ao Senhor, a fim de que sejam encontrados na ceia das bodas do Cordeiro. Não brinquem com assuntos eternos. Se vocês querem brincar de bobo, usem fichas ou seixos, não suas almas que viverão para sempre em felicidade ou em desgraça!

Minha insistência ganha força quando penso que se você me der a resposta direta: “Não, eu não sou cristão e não me interesso em ser um”, talvez consiga ver mais claramente, enquanto fala, a terrível decisão a que chegou. Uma resposta desfavorável pode lhe assustar e, finalmente, levá-lo a se arrepender da sua tolice e reverter sua decisão! Se você colocar num papel: “eu não sou cristão e não me interesso em ser um”, poderia ficar ainda mais assustado. Eu o desafio a fazer isso. Depois de escrito ponha sobre a lareira e observe. Será muito melhor fazer isto, mesmo sendo terrível, do que continuar nesse estado de suspense ímpio, indiferente quanto a estar salvo ou perdido, indeciso quanto a estar com Cristo ou contra Ele e ainda, no mais íntimo do seu ser, estar morto em delitos e pecados! Foi nisso mesmo que, certa ocasião, eu instei com os que estavam indecisos a irem as suas casas, escreverem num papel a palavra “Salvo” ou a palavra “Perdido” e assinarem seus nomes em baixo. Certo homem, ao entrar em sua casa, pediu um lápis e um papel. Quando sua esposa o inquiriu sobre a razão disto ele respondeu que iria fazer o que o pastor disse e escrever “Perdido”. Mas ela se recusou a buscar o papel se fosse para esse fim.

Então, ele mesmo conseguiu um papel e escreveu o P maiúsculo. Nesse momento, sua filhinha subiu na cadeira que estava por trás dele e disse: “Não, papai, o senhor não deve fazer isso! Eu preferiria morrer ao senhor ter de fazer isso” – e enquanto ela falava, suas lágrimas caíram sobre as mãos dele. O que meu sermão não conseguiu fazer, aquelas lágrimas fizeram. Aquele homem forte curvou-se e rendeu-se a Cristo – quando se levantou naquela saleta pegou a caneta e mudando o P em S, escreveu: “Salvo”. Ele foi salvo porque foi confrontado com o fato de que estava perdido. Sua resposta doentia surpreendeu tanto a ele quanto a sua filha. Que Deus opere a mesma mudança em vocês, tanto por amor a vocês mesmo quanto por amor aos seus entes queridos.

Quero pressioná-los a darem algum tipo de resposta porque eu prometi ao meu Senhor, assim como Eliezer, que procuraria por vocês e também porque uma resposta desfavorável me desobrigará do juramento que fiz. Se eu conseguir de vocês um “Não” como resposta, isso significa que não irão comigo ao Filho do meu Senhor e estarei livre. Foi assim com o servo de Abraão – ele e seu senhor concordaram desde o princípio. Quando os homens dizem “Não”, os rogos não têm mais utilidade e a pregação do Evangelho não tem poder sobre eles, então devemos deixá-los e levar as boas novas a outros, assim como Paulo e Barnabé, na antiguidade, disseram aos judeus irados em Antioquia: “Cumpria que a vós outros, em primeiro lugar, fosse pregada a palavra de Deus; mas, posto que a rejeitais e a vós mesmos vos julgais indignos da vida eterna, eis aí que nos volvemos para os gentios”. Rogo-vos, não ponham Cristo longe de vocês! Eu insisto que me deem uma resposta definitiva. Faço minhas as palavras de Eliezer quando disse: “se haveis de usar de benevolência e de verdade para com o meu senhor, fazei-mo saber; se não, declarai-mo, para que eu vá, ou para a direita ou para a esquerda”.

Agora eu quero argumentar com você sobre esse assunto. Prezado amigo, você está correndo perigo de morte eterna. Enquanto você está hesitando a vida está indo embora. Durante os últimos meses, quantos de nossos queridos amigos partiram por causa de influenza e outras causas! Esta congregação tem padecido de enfermidades, família após família, como jamais tive conhecimento. É possível que vocês estejam imunes? Conjuro-vos, portanto, a não agirem como se tivessem tempo de sobra. Possivelmente você não terá mais outra semana para viver! O tique-taque do relógio parece dizer: “Agora, agora, agora, agora, agora, agora.” Para alguns de vocês, há um alarme no relógio que proferirá este aviso quando tocar: “Agora ou nunca, agora ou nunca, agora ou nunca”.

Afinal de contas, o assunto que temos em mãos não é do tipo que exige grande debate. Se eu vou acreditar ou não nas Verdades de Deus não deve ser tema de discussão. Se eu vou receber o dom de Deus ou não, não deve ser algo a ser discutido, se eu estiver em meu juízo perfeito. Se, estando perdido, eu quero ser salvo; se, tendo sido proclamado a mim o Evangelho da vida eterna, eu deveria aceitá-lo pela fé – bem, não precisarei perguntar aos sábios o que deverei responder, nem preciso ir aos Tribunais consultar os juízes sobre a minha resposta. É algo tão simples que nem exige discussão. Quem vai escolher ser condenado? Quem recusará a vida eterna? Certamente há questões que devem ser decididas imediatamente.

Esta espera insignificante não tem feito bem a vocês até agora. Um camponês queria atravessar o rio, mas achou que era fundo. Resolveu ficar sentado e esperar até que as águas passassem. Ele esperou, mas o rio continuava fundo apesar de toda sua espera. Com essa demora, as dificuldades no caminho de vocês para aceitar a Cristo não ficam por menos. Se vocês olharem adequadamente para o assunto, verão que não existem grandes dificuldades no caminho, nem sequer havia tantos obstáculos como na imaginação de vocês.

Outro camponês, certa manhã, precisou atravessar a movimentada rua Cheapside, em Londres, mas ficou bastante atordoado com o tráfego de carros, táxis e transeuntes. Ele disse que tinha certeza de que não poderia atravessar a rua. Assim, esperaria até que o movimento diminuísse. Durante todo o dia o trafego permaneceu o mesmo. Ele não teria percebido muita diferença naquele fluxo de pessoas apressadas, a menos que tivesse esperado até a noite. Amigos, vocês têm esperado até encontrarem uma “ocasião conveniente” para se tornarem cristãos e, apesar de toda a demora de vocês, o caminho ainda não está claro. Há vinte anos alguns de vocês estiveram tão perto de se decidirem por Cristo quanto vocês estão agora. Não, vocês pareciam estar mais perto. Então pensei: “Alguns deles crêem em Jesus e rendem seus corações a Ele”. Mas vocês disseram que o tempo não era suficiente. E agora, é? O dia sem obstáculos está mais próximo? É a época mais adequada? Não, de fato, não melhorou nada.

Deixe-me dizer que eu creio que a espera de vocês não apenas lhes fez mal, na verdade lhes causou um grande dano. Houve tempos em que parecia fácil para vocês renderem-se às pressões do Espírito Divino. Certamente não está sendo mais fácil agora. Na verdade, está até mais difícil. Às vezes eu penso que Deus trata os homens da mesma forma que Benjamin Franklin tratou o homem que estava à toa em sua livraria e, por fim, pegou um livro e perguntou: “quanto custa?” Franklin respondeu: “Um xelim[1]”. “Um xelim?” Perguntou o homem. “Sim, um xelim” – respondeu Franklin. Ele não ia dar o preço. Depois de ficar mais uns dez minutes ali o homem disse: “Sr. Franklin, quanto o senhor quer pelo livro?” “Dois xelins”, respondeu. “Não”, disse o homem, “o senhor está brincando!” “Eu não estou brincando” falou Franklin, “o preço é dois xelins”. O homem esperou e sentou-se um tempo, pensando. “Eu quero o livro”, falou pausadamente, no entanto, não pagarei dois xelins. “Quanto o senhor quer por ele?” “Três xelins.” “Bem”, disse o homem, “por que o senhor fica aumentando o preço?” Ao que Franklin respondeu: “Veja, você desperdiçou tanto o meu tempo que seria mais vantagem eu ter recebido um xelim de início que três xelins agora”.

Às vezes, se os homens veem a Cristo ao primeiro convite, esta vinda é doce e fácil. Veja como criancinhas muitas vezes se entregam a Cristo e como é pacífica a sua entrada no descanso da fé! Mas, quando as pessoas esperam, quando postergam crer, quando violam suas consciências, quando esmagam todos os levantes de santos pensamentos dentro deles, torna-se muito mais difícil crerem em Cristo do que fora quando Ele lhes foi pregado pela primeira vez. Por isso, venho a vocês, mais uma vez, para dizer: “se vocês vão usar de benevolência e de verdade para com o meu senhor, digam-me. Se não, digam-me, e digam-me agora”.

“Bem”, fala um, “eu estou feliz por você ter falado conosco. Vou pensar a respeito”. Não, amigo, eu não quero dizer isto. Eu não quero que você pense depois. Você já teve tempo suficiente pra pensar! Eu oro pra que o Espírito de Deus possa conduzi-lo a uma decisão imediata. “Bem, suponho que poderemos considerar o assunto durante a semana?” você pergunta. Não. Isso não satisfará nem a meu mestre nem a mim. Quero uma resposta agora. Eu sou como um mensageiro levando uma carta onde está escrito: “o portador esperará por uma resposta”. Certa vez quando estive numa cidadezinha de interior, ao deitar, falei para meu anfitrião: “Tenho que estar em Londres amanhã. Não chegarei ao meu trabalho a tempo, a menos que você me acorde às seis horas para que eu consiga pegar um trem com facilidade.” Bem, meu hospedeiro era um irlandês e ele me acordou às cinco horas. Quando sentei na cama perguntei: “Que horas são?” Ele disse: “você tem apenas mais uma hora pra dormir”.

O resultado foi que perdi meu trem. Se ele tivesse me acordado na hora certa e dissesse: “Você tem que levantar agora”, eu teria me vestido de uma vez, mas como ele disse que eu tinha apenas mais uma hora pra dormir, certamente eu dormi aquela hora e a outra porque estava muito cansado. Os mesmos princípios aplicam-se a vocês. Se eu lhes digo pra irem pra suas casas e pensarem sobre tudo isso durante a semana, estarei lhes dando uma semana para permanecerem em rebelião contra Deus! E eu não tenho o direito de fazer isto. Estarei lhes dando uma semana para continuarem incrédulos – e aquele que é incrédulo está correndo o perigo de ruína eterna, pois, “aquele que crê não será condenado”. Pior que tudo isso, a semana poderá conduzi-los a muitas outras semanas, à meses, quem sabe até, anos – talvez por toda uma eternidade de angústia. Não posso lhes dar nem cinco minutos! Deus, Espírito Santo, fala através de mim, agora, às almas que Deus escolheu desde a fundação do mundo! Ele diz: “Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais o vosso coração”. O Espírito Santo diz: “Hoje, ainda hoje”. “Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis, ó casa de Israel?” A pergunta para vocês: vocês serão de Cristo? “Se haveis de usar de benevolência e de verdade para com o meu senhor, fazei-mo saber; se não, declarai-mo.”

A melhor resposta que você pode dar está nos versos que seguem o texto. “Labão e Betuel responderam e disseram: Isto procede do SENHOR, não podemos falar-vos mal ou bem. Eis que Rebeca está diante de ti; tomai-a.” Oh, eu gostaria que alguns de vocês respondessem assim ao meu apelo neste dia! Isto também procede do Senhor! Foi Ele quem me deu essa mensagem; foi Ele quem o trouxe para ouvir isto! Certamente você não será encontrado lutando contra Deus! Seu coração está aberto a Ele – Ele vê o menor desejo que você tem em relação a Ele. Expire seu desejo, agora, e diga “Meu coração está diante de Ti – toma-o”.

 

“Toma meu pobre coração e faze-o estar

Eternamente fechado a todos menos a Ti!

Sela meu peito para que eu mostre

Aquele penhor de amor para sempre ali”.

 

Ele não demorará a aceitar aquilo que Lhe é oferecido! Ele o tomará agora e o guardará para sempre!

“Como é que isso acontece?” alguém pode perguntar. O plano é muito simples: Jesus Cristo tomou sobre Si os pecados de todos que ainda hão de confiar Nele. Venha e descanse em Seu sacrifício expiatório. Entregue-se a Ele completamente e sem reservas e Ele salvará você. Tome-O como seu Salvador por um simples ato de fé. O âmago da questão é que eu, estando perdido, lanço-me a Cristo para me salvar. Acredito que o ato de fé foi muito bem demonstrado na declaração de um pobre imbecil. Disseram que ele era um idiota, mas eu acho que ele tinha mais compreensão que muitos homens que se vangloriam de sua inteligência. Alguém lhe perguntou: “João, você tem uma alma?”. Ele respondeu: “Não, não tenho nenhuma”. “Por que, João? Como pode isso?”. Ele disse: “uma vez eu tive uma alma, mas a perdi. Então, Jesus a encontrou e eu deixei que Ele a guardasse”. Aqui está a filosofia da salvação por completo. Você perdeu sua alma. Cristo a encontrou! Deixe que Ele cuide dela! Deus os abençoe! Amém.

 

PORÇÃO das Escrituras lida antes do sermão — Gênesis 24.

HINOS cantados do “Nosso Hinário” – 508, 670, 568, 658.

CARTA DO SR. SPURGEON AOS LEITORES DESSE SERMÃO:

PREZADO LEITOR – Este sermão é um apelo urgente aos indecisos. Se você está nesta condição eu gostaria, através desta carta, insistir no apelo de maneira mais pessoal. Sou um homem doente que escapou por pouco das mãos da morte e sinto que as coisas da eternidade não devem ser tratadas com leviandade. Para ser salvo ao final é necessário que nossa sabedoria seja salva imediatamente. Se eu tivesse deixado para tratar assuntos da minha alma no leito de enfermidade, não teria prestado a devida atenção ali porque estava delirando e a minha mente não tinha condições de decidir sobre qualquer assunto. Antes que a nuvem baixe sobre sua mente preste atenção a Palavra do Senhor. Rogo-lhe, prezado leitor, que faça isto, pois não tem como você dizer quando a sua vida vai acabar.

Fico muito feliz ao ouvir falar de almas que estão sendo salvas, pela Graça de Deus, através destes sermões. Oro ao Senhor que me dê um projeto extenso e profundo para que, na alegria de ver corações renascidos, milhares sejam alcançados através desta pregação e que ela seja meio de vida dentre os mortos. Este é um enorme pedido, mas o Senhor disse: “Abre bem a tua boca e eu a encherei.” Portanto, eu abriria a minha boca em oração por você, prezado leitor, e por milhares como você. Você não deseja, do fundo do coração, que o Senhor ouça a petição do Seu servo?

Vosso, para servir como restaurador de forças,

Mentone, 14 de novembro de 1891.[2]

C. H. SPURGEON.

 

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ORE PARA QUE O ESPÍRITO SANTO USE ESSE SERMÃO SALVAÇÃO DOS PECADORES EM JESUS CRISTO E PARA EDIFICAÇÃO DA IGREJA

FONTE: Traduzido de http://www.spurgeongems.org/vols37-39/chs2231.pdf

Todo direito de tradução protegido por lei internacional de domínio público

Sermão nº 2231 — Volume 37 do The Metropolitan Tabernacle Pulpit,

 Tradução: Eliete Rocha

Revisão: Armando Marcos

Capa: Victor Silva

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NOTAS

[1] N.T. Xelim era uma moeda inglesa de prata que representava 1/20 da libra esterlina.

[2] Spurgeon faleceria em 31 de janeiro de 1892, tendo cumprido sua missão de Eliezer para outros e para com seu Senhor também (Nota do Revisor)