O Leito de Morte Real – Sermão N°426

N°426

Na manhã de domingo, 22 de dezembro de 1861

Por Charles Haddon Spurgeon

No Tabernáculo Metropolitano, Newington, Londres.

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“Sucederá algum mal à cidade, sem que o Senhor o tenha feito?” Amós 3.6b ARA

 

Nesta manhã, não lidaremos com a questão do mal moral, e, de fato, com o assombroso mistério da origem do mal moral, não lidamos hora nenhuma! Podem ter existido alguns que especulam sobre esta matéria, os quais, como Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, conseguiam andar em meio ao fogo ilesos, mas a maioria dos homens que se aventuraram próximos à boca desta inflamada questão tiveram o mesmo fim dos guardas de Nabucodonosor – caíram, destruídos pela influência explosiva de seu calor! O problema que temos a resolver não é o de como nasceu o mal, mas de como ele irá morrer – não como ele veio ao mundo, mas de todo o transtorno que causou desde sua chegada e como deve ser removido. As pessoas que desperdiçam seu tempo em especulações inúteis e curiosas sobre a origem do mal moral geralmente são preguiçosas demais para buscar na prática a expulsão do inimigo e, assim, matam tempo e aplacam suas consciências investindo em profundas polêmicas e em vã barulheira sobre assuntos que não nos interessam.

O mal no texto é o da calamidade, e assim podemos ler o versículo: “Acaso a calamidade sobrevém a uma cidade sem que o Senhor a tenha planejado?” (Am 3.6 NVT) – uma pergunta muito apropriada no momento presente. Houve mal nesta cidade; uma calamidade de natureza atípica e desastrosa recaiu sobre esta nação. Perdemos alguém que encontrará mil línguas a fazer seu obituário laudatório; um príncipe cujo louvor está na boca de todos, e que é tão benquisto entre vocês que me é desnecessário recomendar a memória do Príncipe Albert aos seus corações.[1] Perdemos um homem sobre o qual alimentamos suspeitas enquanto viveu; que pouco podia fazer sem levantar nossa desconfiança; o fantasma da intromissão e da influência inconstitucional sempre nos alarmou, e agora que ele partiu, podemos sinceramente lamentar que não fomos capazes de confiar quando a confiança era bem merecida. Ele não pôde se queixar de falta de reverência ao seu posto, seus talentos ou sua casa; mas de seu túmulo pode bem vir o sussurro da memória, lembrando-nos de muitas suspeitas infundadas, alguns juízos temerários e uma ou duas difamações insensíveis[2]. Me agradou uma observação feita por um grande jornal no sentido de que a remoção do Príncipe Consorte poderia sugerir profundo pesar para nossa pobre homenagem e comedido respeito. Ele não mereceu nada de nós senão o bem. Postado na posição mais perigosa, seu pé não resvalou; de pé, onde a menor interferência teria deflagrado uma tempestade de ódio contra sua cabeça, ele prudentemente se recolheu, e deixou as questões públicas de lado, tanto quanto possível. Observando a natureza de nosso governo, e a posição do trono em nossa constituição, devo dizer: “Em verdade é uma grande calamidade a perda de tal marido para tal Rainha”. Tão duro é este mal, que nossos corações atribulados são encobertos com a sombra de outros males, dos quais este pode ser o triste arauto. Com Davi, dizíamos “Minha montanha permanece firme e não será abalada” (Salmo 125:1 , citado não literalmente) – e um terremoto começa, a montanha treme, grandes rochas despencam – o que mais virá? Esperávamos guerra[3], mas nada nos preparou para um funeral real; aguardávamos com apreensão as lutas no estrangeiro, mas não perdas em casa. E agora, sentimos que uma pedra de alicerce da Casa Real foi retirada, e esperamos com pesar e temor o que virá depois, e depois, e depois.

Temos muita fé em nossa Constituição, mas se não tivermos ainda mais fé em Deus, estaremos reféns do medo de que a saída de um alto ministro, de algum outro grande homem de posição em nossa Comunidade, nos deixará desolados, sem socorro neste mundo. Não é a queda da venerável coluna, apenas, que nos entristece; é o dedo profético apontando para outras partes do edifício que nos enche de maus agouros, temendo o tempo em que muitas nobres colunas tombarão ao chão. Nem é só este, e nem é este o maior de nossos pesares. Sentimos ser este um mal sobre a cidade, porque a perda de um pai para seus filhos, não filhos quaisquer – príncipes, príncipes aos quais nenhum homem poderia instruir como poderia um pai; príncipes em cujos ouvidos raramente entrariam bons conselhos, senão pela voz de um pai; príncipes e princesas que precisavam de seu prudente conselho, dirigindo-os através das várias provações de sua infância, torcendo por eles ao enfrentarem as batalhas da vida. Foi levado aquele que, juntamente com a Rainha Vitória, tão bem os treinou, e o que sua perda significará para seu caráter no futuro, só o tempo dirá. Mais do que isto – e aqui tocamos a mais sensível corda, e mais nos achegamos ao coração do mal – Sua Majestade perdeu seu amado marido, seu único amigo igual, seu único confidente, seu único conselheiro em seu mundo privado. Exceto por seus filhos, ela perdeu tudo em um só golpe, e neste dia ela está mais viúva do que a mais pobre viúva deste reino! A esposa desolada de um camponês muitas vezes se encontra aflita pelo toque gelado da penúria, mas ela tem iguais e amigos que podem evitar que a mão gelada do isolamento congele sua própria alma. Em nossa tão amada soberana, contemplamos a Majestade na miséria, e por que não dizer, a imperatriz da dor.[4] Assim como os picos das montanhas, os primeiros a receber os raios de sol do verão, também são os mais expostos aos impiedosos ventos do inverno, assim a elevação da soberania, com todas as suas vantagens na prosperidade, envolve o máximo da dor na hora da tribulação. Que homem racional entre nós teria prazer em assumir o cuidado do império em tempos comuns, mas o que seria dele agora, quando a perda no lar aperta o coração e não há mais um cônjuge afetuoso para ajudar a carregar o fardo?

Irmãos e irmãs, podemos nos simpatizar, mas não podemos consolar. Casos comuns normalmente estão ao alcance da compaixão, mas a reverência devida à mais alta autoridade da terra torna impossível até ao mais querido amigo a familiaridade que é a vitalidade do consolo. Esta é uma calamidade de fato! Senhor, Consolador de todos aqueles cujos corações se curvam; consola e sustenta nossa monarca enlutada! Quem nos dera que Robert Hall[5] ou Chalmers[6] pudessem se levantar de seus túmulos para retratar este sofrimento![7] Quanto a mim, meus lábios não são acostumados a frases corteses, e tão pouco entendo das profundezas do pesar, que não tenho o preparo e o conhecimento para falar de um assunto como este. Mal sou capaz de gaguejar e balbuciar, num momento que exige a fala dourada e discurso eloquente. Deus celeste, tu sabes que em parte alguma bate um coração que sinta tanto quanto o nosso, ou um olho que chore mais sinceramente pela dor de nossa Soberana Senhora, agora solitária; da morada de todas as graças ele foi tirado; de um lar de amor, de um trono de honra ele se foi; e é isto um mal – um mal tão grande quanto jamais se abateu nesta nação durante a vida de qualquer um de nós – tamanho mal que somente uma morte – que tu nos livres! – poderia causar maior dor na terra.

Agora, porém, nosso texto levanta a voz e exige ser ouvido, pois é uma pergunta feita pelo Deus Eterno. “Haverá um mal na cidade que não tenha sido feito por Deus?”. Falaremos de duas coisas nesta manhã. Primeiro, Deus o fez. Segundo, Deus o fez para um propósito. Procuremos encontrar, se pudermos, que propósito é este.

1. Primeiro, portanto, há um mal sobre a cidade, mas DEUS O FEZ.

Houve grande curiosidade em assuntar a causa secundária deste mal. De onde veio a febre? Não poderia ter saído, como é comum às febres, de nossos pátios e becos – no ninho de pragas onde a sujeira a alimenta até gerar a pestilência. Quais foram seus primeiros sintomas, como se desenvolveu, e por que venceu a habilidade dos médicos?[8] Podemos deixar de lado estas perguntas e desviar o olhar destas causas secundárias, para a causa primeira que tudo fez desenrolar. “O Senhor o fez”. Ele deu o fôlego, e ele o tirou. Ele moldou o homem, e o fez cair prostrado no pó; ele enviou o homem, e ele disse: “Retorna ao pó de onde foste tomado!”. Chamo à memória as ideias que se espalharam neste mundo, e que ainda vivem em nosso tempo – as noções que procuram expulsar Deus, e torná-lo um estranho em meio a suas próprias obras. Ou Deus o fez, ou seremos levados a alguma alternativa. Como se deu esta calamidade? Suporíamos que pelo acaso? Ainda há alguns, tolos o bastante para acreditar que as coisas acontecem sem a predestinação divina, e que diferentes calamidades transpiram sem a autorização ou a agência direta de Deus. Ai de mim, ai de vocês, se tiver sido obra do acaso. O que seria de nós, irmãos e irmãs, se deixados ao acaso! Seríamos como pobres marinheiros, lançados ao mar num navio frágil, sem mapa e sem leme; sem nada saber do porto de nosso destino; sentiríamos somente que estávamos ao sabor dos ventos, prisioneiros da tempestade, e em breve vítimas da voracidade das profundezas. Ai de nós, pobres órfãos, se estivéssemos deixados ao acaso. Sem o cuidado de um pai velando por nós, mas deixados à volubilidade e falibilidade das coisas mortais! O que veríamos ao nosso redor, senão uma imensa tempestade de areia no meio de um deserto, cegando nossos olhos, impedindo-nos sequer de ter esperança de vislumbrar o final através das trevas do início? Seríamos viajantes em um pântano sem trilha ou picada para nos guiar, viajantes que podem cair e afundar a qualquer momento, nossos ossos expostos ao tempo, ignorados e esquecidos de todos. Graças a Deus não é assim para nós. O acaso só existe no coração do tolo. Cremos que tudo o que nos acontece é determinado pela sábia e terna vontade daquele que é nosso Pai e Amigo; vemos ordem em meio à confusão; vemos propósitos se cumprindo onde outros identificam perdas sem proveito. Cremos que “Ele anda pelo meio de tempestades e de ventos violentos; as nuvens são o pó que os seus pés levantam.” (Na 1.3 ARA).

Alguns, por outro lado, vão ao outro extremo, também se esquecendo de seu Deus. Negam a ideia de acaso, mas se curvam à noção de destino. Quem professa a predestinação sem Deus está tão perdido em suas ideias quanto os que acreditam em acaso sem Deus! Pois o que é o “destino” de alguns? Lembra-me de uma daquelas máquinas gigantescas usadas em minas de chumbo, nas quais duas engrenagens ficam girando o tempo todo, quebrando as pedras trazidas do poço. As pedras primeiro estão a certa distância uma da outra, mas são trazidas cada vez mais perto da boca voraz das grandes engrenagens, até que afinal são esmagadas e moídas. Esse é o destino, na imaginação de alguns. Ou, para usar outra ilustração – é como a grande carruagem de Jagannath, movida por uma força irresistível. E ela vem, esmagando, moendo e nivelando tudo sob suas rodas, corpos ensanguentados em seu rastro[9]. Desta horrível carruagem do destino, ninguém pode escapar, ninguém sequer tenta. Estão de mãos e pés atados, enfileirados em seu caminho, e, ao chegar a hora, as rodas tornam os pobres coitados em pó. Bem, eu dou graças a Deus porque, embora acredite na predestinação, eu conheço a diferença entre ela e o destino enquanto sina. A sina é uma predestinação cega, sem mente nem cérebro, vagando e realizando coisas portentosas sem propósito, derrubando montanhas, arrancando árvores frondosas pela raiz, espalhando brasas, despejando mortes, mas tudo isso sem uma finalidade. Assim é o destino – ele é porque precisa ser – as coisas acontecem porque precisam acontecer. Mas a predestinação é gloriosa. Com muitos olhos ela contempla nos interesses de Deus, e de suas criaturas também, e embora ela diga que tal coisa tem de ser, ela o tem por que é sábia, correta, justa e boa, e por isso deve ser! E embora possamos pensar que no fim das contas dá na mesma, ainda assim, aos nossos corações a diferença é tão imensa quanto a distância do Polo Norte ao Polo Sul. Não creia no destino, creia em Deus! Não diga “é a sina do homem”, mas “é a vontade de Deus!”. Não diga que um destino cruel e irresistível o levou, mas que uma mão terna, ao entender que o tempo se cumpriu, o livrou do mal que está por vir!

Eliminadas estas duas suposições, sobra mais uma. “Sucederá algum mal na cidade sem que o Senhor o tenha feito?”. Se nem um acaso tolo nem um destino inconsciente o causou, talvez o espírito do mal o tenha causado. Talvez Satanás traga males sobre nós; talvez ele arraste homens para os seus túmulos; talvez ele possa cortar a linha da vida; talvez ele seja o gênio do mal no mundo e guardião das portas da morte! Irmãos e irmãs, precisamos retirar essa ideia de uma vez por todas de nossas mentes! Afaste-se, vil Rei dos Erros! Você é o príncipe do ar, mas não é o Rei dos reis; nem é o rei da morte; não estão em seu cinto as chaves, nem de seus lábios gangrenados pode sair a frase “prepare-se para encontrar sua perdição!”. Nem por seus dedos imundos somos arrancados de nossas casas e de nossos tronos; nem por sua crueldade somos entregues a dias sombrios e maus! Sua mente despótica e tirana não tem poder de reinar sobre nós! Não! Jesus, tu derrotaste Satanás; tu nos salvaste do temor da morte, porque destruíste aquele que tinha o poder da morte, a saber, o diabo. Uma legião de anjos não poderia nos arrastar para a sepultura, e você, espírito sombrio, não conseguirá nos aprisionar nela, pois a trombeta do arcanjo nos despertará de nosso sono! Não, não foi Satanás! Irmãos e irmãs, não vejam suas provas e tribulações como vindas do inferno. Satanás, por vezes, pode ser o instrumento de suas dores, mas elas ainda assim provêm de Deus! No cálice de nossas dores, não há uma gota sequer que não tenha sido servida pelo Pai; amargo como possa ser, foi a mão de Deus que o serviu! A vara pode nos atingir, mas não é Satanás que a carrega. Pois, assim como o Pai corrige seus filhos, o Senhor corrige os que o temem.

Mas, uma vez mais, um pensamento nos ocorre. Talvez a grande tentação dos tempos modernos seja creditar tudo o que acontece às leis da natureza. Ora, isto pode satisfazer a Filosofia, mas a Teologia vai um pouco mais longe, e embora admita todas as leis que governam a matéria, ainda assim, ela afirma uma lei que é em si mesma completamente sem poder, que não o poder de cumpri-la. Ela pode ser uma lei ditando que tais e tais coisas devem ser feitas, mas que nunca o serão a menos que algum poder torne a lei eficaz. A ideia de alguns, na modernidade, parece ser a de que este mundo é como um grande relógio, a que se deu corda muitos e muitos anos atrás; de fato, alguns há que acreditam no movimento perpétuo, e até parecem ensinar que ele se deu corda sozinho! De modo a se livrar de Deus, e enviá-lo para o mais longe possível, eles voltam aos tempos primevos e concebem que, lá, as engrenagens foram postas em movimento, e uma quantidade suficiente de impulso foi dada ao sistema, de modo que agora ele se move por conta própria. Quanto a interposições divinas, nestas eles não creem; milagres são, é claro, um absurdo, e tudo é deixado às leis ordinárias da natureza, havendo vitalidade suficiente no mundo, segundo alguns, para que o mundo siga seu próprio rumo, segundo certas regras e princípios. Bendito seja Deus, pois sabemos que isto não é verdade! Cremos que é nosso dever usar de todas as medidas sanitárias pra remover a origem das doenças; cremos que erram os que proclamam um jejum durante uma peste, quando melhor seria varrer as ruas; cremos que erram os que apenas frequentam reuniões de oração quando deveriam estar derrubando barracos dilapidados e edificando habitações melhores; entendemos que não são praticantes, nem mesmo entendedores das Escrituras, esses que preferem ficar de joelhos quando deveriam estar de pé a fiel serviço do próximo! Mas, ao mesmo tempo, sustentamos que foi o Senhor quem fez tudo, e que essas calamidades não nos sobrevêm a menos que Deus estenda sua mão – que é Sua vontade remover homens pela morte, e somente pela Sua vontade eles podem morrer. Ora, a ideia de que estamos abandonados ao sabor de um maquinário é uma ideia muito infeliz para o homem que pode dizer “Meu Pai, meu Pai no céu!”. É como se uma criança precisasse ser deixada sem os pais ou uma babá, mas tivesse um berço automático, que balança o berço tantas horas por dia. E quando é a hora de acordar a criança, ela o é pela máquina, e então já está pronto outro mecanismo para alimentá-la, e outro dispositivo para vestir a criança para dormir, e outra para colocar suas roupas para o dia! E ela cresce, e tudo o que precisa ser feito, é feito pela máquina, sem amor, sem pai, sem uma babá, sem uma mãe bondosa e carinhosa – esse é o filho das máquinas e engrenagens! E assim, de ano a ano ele é passado de máquina em máquina. E ao atingir a maturidade, ainda é alimentado por uma máquina; ele dorme, sai em suas jornadas e, em tudo o que faz, não vê um rosto vivo, não toca mãos suaves, não ouve vozes ternas; é um belo engenho de mecanismo sem alma e sem vida que faz tudo isso!

Ora, louvo a Deus porque não é assim conosco. Eu não posso enxergar as mãos de meu Pai; eu lhe dou graças porque estou alimentado, e sei que é Ele que me alimenta. Eu sei que as leis da natureza contribuem para a preservação da vida, mas vejo os efeitos de Sua presença em minha vida. Eu deveria me sentir como um órfão triste e miserável, sem nada que pudesse capturar o desejo de meu coração por algo para amar, se acreditasse que este mundo foi abandonado por seu Deus, e tem funcionado sem o Pai por perto para mantê-lo em ordem, e para fazê-lo produzir os resultados que deseja. Bendito seja Deus, pois não temos dúvidas quanto à resposta dessa pergunta! Mesmo que haja mal na cidade, o Senhor o causou!

Agora, vamos parar um minuto e pensar. Então, se foi Deus que o causou, qual é o peso e o assombro de cada calamidade? Ao visitar o leito de morte real, pensei estar na presença de um príncipe, mas eis que vejo um homem. É a Tua obra, ó Altíssimo! Tu selaste esses olhos na escuridão. Tu ordenaste que este coração deixasse de bater, e Tu estendeste o corpo deste homem em morte. Quão perto estamos de Deus! Entrem com mansidão no pequeno quarto, onde jaz o corpo ainda insepulto de seu filhinho natimorto, pois ali está Deus, colhendo a flor em botão e tomando-a para si! Vocês enfrentaram uma provação ontem. “Tira a sandália dos pés”, pois Deus está naquele arbusto em chamas. Os homens nada veem além da calamidade; os olhos da fé veem a Deus! Às vezes achamos interessante, ouvir que o bom finado fulano de tal dormia no quarto assim e assim, ou estudava num escritório assim e assim. Que diremos ao nos lembrarmos de que Deus está ali – que Deus está aqui – e que embora vistamos estes trajes de luto, quando curvamos nossa cabeça agora há pouco e vertemos lágrimas de compaixão, o próprio Deus ali estava – aquele que tudo faz, o Rei dos reis, Senhor dos Senhores? Falem em voz baixa; aquietem-se, silenciem; vocês estão na presença da Majestade! Encaremos as calamidades nacionais ou as enfermidades particulares com a reverência que deve ser inspirada pela consciência da presença da Divindade.

Mais uma vez, se foi Deus quem o fez, devem ser afastadas de uma vez todas as perguntas sobre ser o certo. Deve ser o certo! Se alguém tentar responder, a nossa tréplica será a mesma, curta e grossa, de Paulo: “Ora, quem é você, mero ser humano, para discutir com Deus?” (Rm 9.20a NVT). Mas levá-lo, justo ele, justo na hora de maior perigo para a nação – isso pode estar certo? Irmãos e irmãs, deve estar certo isto! Ele morreu na melhor hora; a aflição veio no tempo mais oportuno. Teria sido errado se fosse em outro momento; não teria sido nem sábio, nem bom se ele tivesse sido poupado. E isto eu tiro do fato de que Deus o levou e, portanto, deve ter sido a coisa mais sábia, melhor e mais bondosa a fazer! Digam o mesmo para todas as suas perdas. Ainda que seja levado o seu melhor amigo, cale-se, ponha-se em silêncio e não responda. Porque tu o fizeste, tu, ó Deus, portanto dizemos: “Seja feita a tua vontade”.

E isto também será o nosso melhor consolo. Foi Deus quem o fez. Ora, iremos lamentar por causa do que Deus fez? Nos afligiremos quando o Mestre levou aquele que era seu? “O Senhor deu, o Senhor tomou, bendito seja o nome do Senhor” (Jó 2). O jardineiro tinha uma belíssima flor no canteiro. Uma manhã deu pela falta dela. Ele havia cuidado dela com tanto carinho que a olhava com a afeição que um pai tem por uma filha. Então, correu pelo jardim e achou um de seus empregados, pois pensou que um inimigo a havia colhido, e perguntou: “Quem colheu aquela rosa?”. E o empregado respondeu: “Eu vi o mestre andando pelo jardim hoje cedo, ao amanhecer, e eu o vi levá-la em suas mãos”. Então o que cuidava da rosa disse: “Pois bem, Deus o abençoe; era dele mesmo; por ele eu cuidei dela, por ele eu a guardei e, se ele a levou, está tudo bem.” Seja assim em seus corações! Sintam que foi para o bem que você perdeu seu amigo, ou que aquele seu relacionamento querido se partiu. Deus o fez! Estejam consolados, pois o que Deus faz jamais é um justo motivo para o pesar! Ó céus, vocês acaso choram porque Deus encobriu as estrelas? Você chora, terra, por que Deus encobriu o sol? O que Deus faz é sempre motivo para poesias e aleluias! E mesmo aqui, diante de um morto ainda insepulto, nossa fé irrompe em canto: “Está tudo bem, tudo bem! É para o melhor, e seja louvado o nome do Senhor, agora e sempre!”.

2. Agora peço a atenção de vocês por mais alguns minutos, apenas, enquanto passo pelo segundo ponto. SE DEUS O FEZ, ELE O FEZ PARA CUMPRIR ALGUM PROPÓSITO.

Nem sempre nos é apropriado pedir as razões dos atos divinos, pois se ele não nos presta contas de seus atos, não somos nós que devemos pedi-las. Essa afetação de piedade vazia que leva mesmo crentes professos a chamar qualquer aflição de juízo, e considerar qualquer pessoa levada de forma súbita como um juízo sobre si ou sobre outrem, eu detesto de todo o coração! A imprensa infiel geralmente se apega nisto como o nosso ponto fraco. Não é o nosso ponto fraco; não temos nada com isso! Os que falam assim não conhecem suas Bíblias! Aqueles sobre quem desmoronou a torre de Siloé, vocês acham que eram piores do que os outros? Estou enjoado da santarronice de parte do mundo religioso, que me vaiou quando eu disse, e repito, que um acidente de trem num domingo não é juízo, mas acontece no caminho comum da providência, e que não devemos buscar uma razão próxima e imediata para qualquer desses acontecimentos![10] Os juízos de Deus são imensamente profundos; não são qualquer poça d’água, a cujo fundo qualquer tolo pode descer! Deus tem maiores mistérios em tudo o que faz, maiores que qualquer criança pode descobrir. Mas aqui traçamos uma distinção entre as calamidades particulares e as nacionais. Países não têm futuro; assim, o Juiz das nações deve julgá-los aqui. Para indivíduos, a punição do pecado não vem neste mundo, mas no porvir. As nações não ressuscitarão como nações; elas ressuscitarão como indivíduos. Assim, quando uma morte se torna uma calamidade nacional, é apropriado que perguntemos (se não forçarmos a questão) por que Deus o fez. Pessoalmente, o juízo é no porvir, e a cada um o fim de sua carreira se aproxima; mas com as nações, penso que o juízo se dá aqui, e que estaríamos errados se ignorássemos o mover de Deus sem atentar “à vara e àquele que a determinou”.

Agora, por que aprouve a Deus tomar o Consorte de nossa Rainha?

Penso, em primeiro lugar, que podemos ver um motivo para isso em que Deus lança um aviso solene a todos os reis e príncipes da terra. Assim diz o Senhor, Rei dos reis e Senhor dos senhores: “Imperadores e príncipes, vocês também morrerão como homens. Que suas coroas não lhes pareçam eternas; há um só Rei, imortal, invisível. Não pensem, enquanto estendem seus cetros sobre as nações, que seu braço é onipotente; seu braço derrubará o cetro; sua cabeça perderá a coroa; seus mantos de púrpura darão lugar a um sudário, e seu palácio se confinará a um sepulcro.” Os mortos, de seus túmulos, bradam:

 

Príncipes! Esta argila vos será por leito

A despeito de todas as vossas torres!

A altiva, poderosa e majestosa fronte

Jazerá tão baixa quanto a nossa.

 

Vocês dirão: “Mas por que não levar uma pessoa comum?” Porque não teria o mesmo efeito. Tu, ó Deus, falaste do castelo onde a bandeira, a meio mastro, proclama o luto, e tu disseste aos príncipes que devem ouvir, e aos czares, que devem escutar, “Eu sou Deus, e além de mim não há outro! Quanto a vocês, reis, seu fôlego está em suas narinas; homens de posição são vaidade, onde estão para serem contados?” Nós, a multidão, podemos ouvir sermões todo dia quando vemos nossos companheiros e iguais levados de nós pela morte; mas estes, altos e poderosos, assentam-se em seus tronos como deuses no alto do Olimpo, e se não fosse pela morte em suas fileiras, poderiam se arrogar semideuses, e exigir de nós culto. Está conspurcado o seu orgulho, ó Império! Seu escudo está empenado e manchado, pois a morte, o arauto, desafiou a realeza de imperadores e reis e lançou por terra sua luva, desafiando os príncipes da terra. Vocês dormirão como seus servos e escravos; vocês morrerão como seus súditos! Xerxes[11] faleceu, assim como os milhões que conduziu à morte. E assim vocês, poderosos, descobrirão que a Morte avança em igual passo sobre o palácio do rei e a choupana do pobre!

Mais do que isto: quem dirá quantos corações que viviam despreocupados em nossa Corte, e tranquilos entre os Lordes, terão de parar para pensar? Se alguma coisa os pode obrigar a fazê-lo, será isto. Os que se deslumbravam com o brilho do esplendor, e se perderam no ruído da pompa, ouvirão, ao menos esta vez, um sermão por um pregador que não ousarão desprezar, pois o próprio Deus lhes dirá: “Cortesãos! Nobres! Lordes! Eu tirei de vocês a sua cabeça; preparem-se para encontrarem seu Deus!”. E pode ser que, hoje, haja joelhos dobrados em oração que nunca se dobraram, e olhos chorando pelo pecado e pela morte hoje, e corações se partindo pela consciência da culpa, bem como pelo sentimento da perda. Difícil é ao homem rico entrar no reino dos céus, e assim a Providência procura facilitá-lo. Não é fácil chamar a atenção dos que estão mergulhados na frivolidade e ocupações da vida da Corte; mas isto os faz parar; a morte detém os convidados do casamento, enquanto com sua mão esquálida levantada, conta a história e os faz ouvir, e os cativa até o seu final! Pode ser que Deus queira trazer em nossa era alguém que se volte à Igreja de Deus hoje, como fez com Lady Huntingdon[12] e Ann Erskine[13] cem anos atrás! Pode ser que ele esteja preparando hoje uma mulher que, como Ana da Boêmia, amiga dos primeiros Reformadores, se torne promotora do Evangelho de Cristo[14]; e que outros que, doutra sorte seriam forasteiros, emprestem sua influência e poder para a promoção de real santidade e os interesses vitais da humanidade.

Acho que não estou dizendo coisas desvairadas. Podemos ver que Deus tem um propósito aqui. Além disso, penso que hoje Deus falou a nós como povo. Ele nos mostrou o quanto somos dependentes dele. Ele pode levar cada príncipe e cada nobre, cada ministro do Gabinete e cada membro do Conselho Privado. Ele pode deixar este país como um navio sem mastro. Ele pode, se quiser, tirar a mão do leme e deixá-lo à deriva no mar, e ser envolvida pelas nuvens da guerra e o trovão do juízo, e todo o nosso Estado pode naufragar como Nínive e a Babilônia da Antiguidade. Reino Unido! Deus lhe abençoou, mas lembre-se de quem é o seu Deus! Inglaterra! Deus lhe honrou, mas não se esqueça de que é Deus quem te guarda! Ó nação, tão sujeita a se orgulhar de sua própria força, hoje, em que você está vestida de pano de saco, com cinzas à cabeça, curve-se e diga: “Só o Senhor é Deus; os escudos dos poderosos lhe pertencem, e a ele, e ele somente, sejam a glória e a honra, para sempre e sempre”.

Então, Ele nos falou a cada um como indivíduos. Ouço uma voz me dizer: “Pregador! Inste a tempo e fora de tempo, seja ativo, sincero e fervoroso, pois o dia é curto e seu tempo em breve se esgotará!”. Ouço uma voz que lhes diz, oficiais da Igreja: “Sejam diligentes no trabalho, fervorosos de espírito, servindo ao Senhor; pois logo a palidez da morte lhes alcançará, e ela porá as mãos geladas em suas cabeças, e os esticará em seus túmulos frios.”. Ouço uma voz falar ao povo sob meu cuidado, os membros desta igreja cristã: “Trabalhem enquanto é dia, pois vem a noite, quando ninguém pode trabalhar.” E ouço uma nota solene, soando como sino fúnebre para todos vocês que não são convertidos, e eu a traduzo assim: “Preparem-se para encontrar o seu Deus, vocês que vivem despreocupados e tranquilos; preparem-se porque ele vem. Vocês, que vivem sossegados e não esquentam a cabeça a respeito da eternidade, preparem-se, porque ele vem! Beberrão, você que ama o prazer mais do que a Deus, prepare-se, porque ele vem! Blasfemador e xingador, se é que há algum aqui, prepare-se, pois Ele vem! Ele, a quem você blasfemou, e cada um de vocês, se não estiverem em Cristo, se seus pecados ainda pesam sobre vocês, se nunca buscaram e encontraram a absolvição dos lábios de Deus, seu Pai, busquem-na, busquem-na, pois ele vem!”

Quando, na Batalha de Balaclava[15], a tropa de soldados cavalgou até o vale da morte, deve ter sido pavoroso ver seus camaradas dando meia-volta e batendo em retirada; ouvir uma chuva de balas zunindo nas orelhas, e os tiros acertando seus companheiros; ver a estrada forrada de cadáveres, e as fileiras se estreitando e afinando. E o que tem sido a nossa vida, senão isto? Nossos companheiros de infância, onde estão? Os amigos da juventude, quantos caíram? E o cabeça-branca, ao olhar para trás, pode dizer “De todos os que conheci, quão poucos restaram! Quantos se foram! Que multidões caíram no vale da decisão!”.

E nós permanecemos, milagres da longanimidade; nós permanecemos como monumentos da misericórdia. Não chegará em breve a nossa vez? Não chegará em breve a nossa vez, eu digo? Temos o controle da nossa vida? Podemos adiar o momento temido? Podemos esperar viver muito quando o todo da vida mais longa é curto? Estejamos prontos, pois amanhã podem medir nosso caixão; o amanhã pode nos encontrar prontos para nossa roupa de enterro. Não, nesta noite o sol pode se pôr sobre nossos cadáveres. Eu lhe suplico, lembrem-se de que somos mortais! Lembrem-se, por estas roupas de luto, pela veste da sua dor, que em breve é por você que estarão chorando. Em breve os pranteadores estarão nas ruas por você, e vocês vão se mudar para a morada mais duradoura.

Estou me dirigindo àqueles de vocês, nesta manhã, que me despertam maior preocupação. Alguns de vocês já ouviram esta voz antes, e tremeram; mas suas paixões são fortes demais para vocês. Vocês disseram “Vá, siga seu caminho, quando for conveniente voltarei ao ouvi-lo”. E esse momento mais oportuno não chegou. Você gostaria de ser salvo, mas precisa ser condenado! Você anseia por uma vida após a morte, às vezes, mas a fissura das velhas paixões, da bebedice, do vício, da corrupção, chega e você volta a elas, como o cão que volta ao próprio vômito, como a leitoa lavada que volta à lama! Eu falo a alguns, nesta manhã, que tremeram nesta casa ao ouvir a Palavra pregada, e voltaram para casa, e se sentiram solenemente impressionados por um tempo; então afastaram de si o anjo da misericórdia, desprezaram a própria salvação! E algumas vezes mais vocês o farão; desprezarão suas próprias almas mais alguns dias, e então saberão, no leito de morte que não menti para vocês, mas que falei a verdade de Deus! Que Deus os convença antes disso, antes que descubram, tarde demais, ao formar-se o tribunal, e o seu corpo, reunido à alma, se apresentar para o julgamento!

Parcas e ralas como são minhas palavras, elas serão parte do relatório de que vocês foram chamados a pensar em seu fim, e a voltar-se para Deus! Oh! Pela morte e seus terrores, se desacompanhada da fé, pela ressurreição e os horrores que multiplicará, se morrerem sem perdão. Pelo juízo e sua terrível pompa, pela sentença e sua certeza eternal. Pela punição e sua agonia eterna, pelo tempo e eternidade; pela morte e pelo túmulo; pelo céu e pelo inferno; por Deus e pelas chagas do Salvador: ACORDEM, vocês que dormem! Acordem, antes que durmam o sono da morte! O caminho da salvação é proclamado uma vez mais! “Quem crê no Senhor Jesus Cristo tem a vida eterna” (João 3:36). “Creia no Senhor Jesus e você será salvo!” (Atos 16:31). Na distante cruz Ele verte Seu sangue em sacrifício. Confie sua alma a Ele, e Ele lhe salvará; coloque-a nas Suas mãos e Ele a guardará, e finalmente Ele será responsável pela sua alma, e Ele a apresentará, “sem mácula ou ruga ou qualquer coisa do tipo” (Efésios 5:27), perante o trono de Deus, o Pai! Que o Senhor sele com Sua bênção o que foi dito, e a Ele toda a glória. Amém.

 

FIM DO VOLUME 7 DE “THE METROPOLITAN TABERNACLE PULPIT”

 

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FONTE: http://www.spurgeongems.org/sermon/chs426.pdf

Volume 7 do “The Metropolitan Tabernacle Pulpit”

Traduzido conforme lei de direito público internacional

Charles Haddon Spurgeon (1834-1892)

Tradução: Eduardo Henrique Chagas

Revisão: Armando Marcos Pinto

1° Edição: Abril de 2021, no 2° ano da Pandemia.

– Publicado em português no dia do sepultamento de Sua Alteza Real, Philip Mountbatten (Corfu, Grécia, 10 de junho de 1921 — Windsor, Inglaterra, 9 de abril de 2021). Nascido Filipe da Grécia e Dinamarca, foi Duque de Edimburgo e marido da rainha Elizabeth II e consorte real do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte desde 1952 até sua morte, aos 99 anos. Foi a primeira morte de um consorte desde o príncipe Albert, de quem Spurgeon usou a morte para tema desse sermão.

– Publicado no site do Projeto Spurgeon no dia da morte de Sua Alteza Real, a Rainha Elizabeth II,  nascida em 21 de Abril de 1926, como filha do Duque de York, Albert Frederick Arthur George, e de sua esposa Lady Elizabeth Angela Marguerite Bowes-Lyon. O seu pai se tornaria em 1936 o Rei George VI, com a abdicação de seu tio, o Rei Edward VIII. Desde 6 de fevereiro de 1952, com a morte de George VI,  foi elevada ao trono britânico, vindo a falecer em 08 de setembro de 2022, com seu filho, Charles, sendo elevado ao trono com o nome de Charles III.

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NOTAS

[1] Francis Albert Augustus Charles Emmanuel (Coburgo, 26 de agosto de 1819 – Windsor, 14 de dezembro de 1861), conhecido pela história Príncipe Albert de de Saxe-Coburgo-Gota,  foi o marido da rainha Vitória e príncipe consorte do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda de 1840 até sua morte. Nasceu no ducado saxão de Saxe-Coburgo-Saalfeld, região da atual Alemanhã, em uma família com relações familiares com vários monarcas europeus e aos vinte anos de idade casou-se com sua prima direta Vitória, com quem teve nove filhos. Ele sentia-se restringido em sua posição de consorte, que não lhe dava nenhum poder ou função oficial. Com o passar do tempo o príncipe adotou várias causas, como uma reforma educacional e a abolição mundial da escravatura, também assumindo as responsabilidades administrativas da criadagem, propriedades e escritório da rainha. Alberto envolveu-se ativamente na organização da Grande Exposição de 1851 e ajudou no desenvolvimento da monarquia constitucional britânica ao persuadir sua esposa a mostrar menos partidarismo nos assuntos do parlamento. (Fonte: Wikipédia). Sua morte em 1861 foi um choque, conferir nota 8.

[2] Inicialmente, Albert não era popular entre o público britânico; ele era visto como oriundo de um estado menor pobre e indistinto, pouco maior do que um pequeno condado inglês. O primeiro-ministro britânico da época de seu casamento, Lord Melbourne, aconselhou a rainha a não conceder a seu marido o título de ” rei consorte “. Durante toda sua vida Albert foi visto com desconfiança como alguém que ameaçaria influenciar em demasia os assuntos políticos. (Fonte: Wikipédia).  Curiosamente, Victoria formalmente concedeu a Albert o título de Príncipe Consorte em 1857, 100 anos antes da mesma data que Elizabeth II concedeu o mesmo título ao Duque de Edimburgo, príncipe Philip (1921-2021).

[3] Spurgeon se refere a Questão Trent — a remoção forçada de enviados confederados de um navio britânico por forças da União durante a Guerra de Secessão — que ameaçou uma guerra entre o Reino Unido e os Estados Unidos. Albert interveio nessa questão diplomática poucos dias antes de sua morte (Wikipédia)

[4] Spurgeon realmente foi “profético” nessa descrição. A morte do príncipe Albert foi devastadora para Vitória. Ela guardou luto e se vestiu de preto até sua morte, em 1901. Ela manteve durante anos uma mão de gesso feita no molde da mão de Albet, e dormia com ela. Muitos títulos, prêmios e lugares foram homenageados com o nome de “Albert” após 1861. Muitos netos, bisnetos e tataranetos de Vitória foram nomeados como “Albert”, tal como o futuro rei George VI. Vitória exigiu ser enterrada com seu véu de casamento, e existem fotos dela já falecida rodeada de retratos de seu amado esposo.

[5] Robert Hall (2 de maio de 1764 – 21 de fevereiro de 1831) foi um ministro batista inglês . Considerado um grande teólogo, pastoreou diversas igrejas e foi considerado um dos mais ilustres pastores batistas de seus dias. É lembrado como um grande orador de púlpito, de estilo retórico um tanto laborioso em suas obras escritas, mas de vigor inegável em seus sermões falados. (Wikipédia)

[6] Thomas Chalmers (17 de março de 1780 – 31 de maio de 1847), foi um ministro escocês , professor de teologia, economista, político e um líder da Igreja da Escócia e da Igreja Livre da Escócia . Ele foi chamado de “o maior clérigo da Escócia do século XIX”.

[7] Spurgeon provavelmente cita Hall e Chalmers pois ambos pregaram sermões quando da morte da Princesa Charlotte de Gales (Londres, 7 de janeiro de 1796 — Surrey, 6 de novembro de 1817) que era a única filha do casamento de Jorge, Príncipe de Gales (futuro rei Jorge IV do Reino Unido) e Carolina de Brunsvique. Ela morreu ao dar à luz um filho natimorto. Por ser ela um membro muito popular da família real, e pelo choque que foi a circunstância de sua morte o luto pela princesa foi imenso e histórico na Inglaterra, comparável apenas quando do falecimento do Príncipe Albert, referido nesse sermão, e de Lady Diana Spencer, no século XX. (Nota do Revisor)

[8] Em 9 de dezembro, William Jenner, um dos médicos do príncipe, o diagnosticou com febre tifoide. Alberto morreu às 22h50min do dia 14 de dezembro de 1861 aos 42 anos de idade no Quarto Azul do Castelo de Windsor; ao seu lado estavam a rainha e cinco de seus nove filhos (Alberto Eduardo, Artur, Alice, Helena e Luísa). O diagnóstico na época foi febre tifoide, porém escritores modernos salientam que Albert já estava doente dois anos antes de morrer, o que pode indicar uma doença crônica como Doença de Crohn, insuficiência renal ou câncer como a causa da morte. (Fonte: Wikipédia)

[9] Referência ao ritual das Carruagens de Jagannatha, um deus hindu, que ocorre em Jagannatha Puri, na Índia. Nele, uma espécie de carro alegórico imenso é transportado em procissão, no qual poderia atropelar muitos devotos. (Nota do Revisor)

[10] Sermão n° 408 “Acidentes, Não Castigos” pregado por Chales Spurgeon em 8 de setembro de 1861, tradução Projeto Spurgeon .

[11] Xerxes (518 a.C — 465 a.C) foi o imperador aquemênida de 486 a.C. até a data do seu assassinato em 465 a.C. Era filho de Dario I e neto de Histaspes e de Ciro, O Grande. Seu nome, Xerxes, é uma transliteração para o grego de seu nome persa depois de sua ascensão, Jshāyār Shah, que significa “governante de heróis”. Na Bíblia é mencionado como “Assuero” (Wikipédia).

[12] Selina Hastings, condessa de Huntingdon (1707 – 1791) foi uma líder religiosa inglesa que desempenhou um papel importante no renascimento religioso do século 18 e no movimento metodista na Inglaterra e no País de Gales. Ela fundou um ramo evangélico na Inglaterra e em Serra Leoa , conhecido como Countess of Huntingdon’s Connexion. Ela ajudou a financiar e orientar o Metodismo inicial e foi a primeira diretora do Trevecca College, País de Gales.

 

[13] Lady Anne Agnes Erskine (1739-1804) Filha de nobres, Existe relatos dela em uma reunião ao ar livre em Moorfields na qual Rowland Hill estava pregando e ele provocou ela sugerindo um leilão de sua alma. Foi companheira de Selina Hastings, condessa de Huntingdon que, por meio da “Condessa de Huntingdon’s Connexion”, estabeleceu várias capelas não conformistas. Anne e a condessa viveram juntas na capela de Spa Fields, Clerkenwell. Com a morte da condessa em 1791, Lady Anne foi um dos quatro curadores responsáveis ​​pela gestão da Connexion.

 

[14] Ana da Boêmia (1366-1394), era a filha mais velha do Imperador Carlos IV do Sacro Império Romano, foi a primeira esposa do rei Ricardo II e rainha consorte do Reino da Inglaterra de 1382 até sua morte. Ela lia os Evangelhos desde sua infância. O pré-reformador John Wycliffe ficou encantado ao saber do amor de Anne pelas Escrituras e a comparou publicamente à Maria bíblica que se sentou aos pés de Jesus ouvindo o que o Mestre tinha a dizer. A Rainha Anne protegeu Wycliffe de seus muitos inimigos e interveio em várias ocasiões para protegê-lo e para salvar sua vida. Com o incentivo da Rainha Anne, estudantes da Boêmia foram para Oxford para estudar com John Wycliffe. Muitos desses alunos levaram de volta os escritos e ensinamentos da Reforma de Wycliffe para Praga, Boêmia e por toda a Europa central. (Fonte: Wikipédia e https://www.reformationsa.org/index.php/history/57-annebohemia )

[15] A Batalha de Balaclava foi uma batalha da Guerra da Crimeia, travada entre o Império Russo e a coligação anglo-franco-otomana, à qual se juntaria, depois da batalha, o Reino da Sardenha. Foi travada em 25 de outubro de 1854, em Balaclava, na margem do Mar Negro e foi o segundo maior confronto durante este conflito (1854-1856). O seu resultado tem sido visto ou como uma vitória falsa dos aliados ou como um empate não decisivo no decurso da guerra. (Fonte: Wikipédia)